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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO
Filme flagra o desbunde dos Dzi Croquettes
Painel sobre o escrachado grupo de teatro dos anos 1970 é prejudicado pela fragmentação das entrevistas
ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No começo dos anos 1970,
no auge da ditadura militar,
surgiu um grupo carioca de
teatro que acabou marcando
a contracultura brasileira, o
Dzi Croquettes.
Formado por 13 atores que
dançavam e cantavam, o
grupo brincava com a androginia para criticar a repressão política e sexual.
A trupe fazia espetáculos
cheios de ironia, duplo sentido e escracho. Um desbunde,
como se dizia na época.
O deboche estava presente
nos figurinos e no contraste
dos corpos masculinos peludos e barbados enfiados em
sumárias roupas femininas.
O grande mérito de "Dzi
Croquettes", documentário
de Tatiana Issa e Rafael Alvarez, é desenterrar a história
do grupo, que influenciou os
meios teatrais e fez sucesso
na Europa, principalmente
em Paris.
O filme retrata o percurso
do grupo, das origens, em
1972, ao desaparecimento,
no fim daquela década.
Issa e Alvarez recolheram
depoimentos dos membros
da trupe ainda vivos -Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly
e Benedito Lacerda-, de pessoas que trabalharam ou foram influenciados pelo Dzi.
O esforço dos diretores em
obter os depoimentos é louvável, mas o uso deste material no filme traz problemas.
As entrevistas foram excessivamente fragmentadas,
prejudicando o resultado,
com o entrevistado pronunciando, às vezes, apenas
uma frase.
Além de ficar "refém" dos
depoimentos, arruinados pela montagem, o filme ainda
sofre com a qualidade de algumas destas falas, meramente laudatórias.
DZI CROQUETTES
DIREÇÃO Tatiana Issa e Raphael
Alvarez
PRODUÇÃO Brasil, 2009
ONDE Nos cines Belas Artes, Frei
Caneca Unibanco, Reserva
Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular
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