|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Scissor Sisters ressurgem em tom festivo
Grupo nova-iorquino grava novo álbum após quatro anos e diz que pretende vir ao Brasil até o final de 2010
Personalidades gays como o fotógrafo Robert Mapplethorpe e o ator Ian McKellen rondam o terceiro disco da banda
JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Passaram-se quatro anos
desde que os Scissor Sisters
fizeram ferver a pista com o
hit "I Don't Feel Like Dancing", parceria deles com Elton John.
Agora, os purpurinados
nova-iorquinos lançam
"Night Work", seu terceiro
álbum de estúdio.
Produzido pelo DJ inglês
Stuart Price, que já trabalhou
com Madonna e The Killers, o
sucessor de "Ta-Dah" (2006)
traz uma foto de capa que,
embora em tons de cinza,
condiz com o espírito colorido da banda.
A imagem, do fotógrafo
americano Robert Mapplethorpe (1946-1989), capta o
traseiro de um bailarino.
"Mapplethorpe é uma figura complexa, mas ele representa uma época que recordamos com frequência: os
anos 80, quando Nova York
era muito decadente e as pessoas viviam sem medo da
Aids", contou à Folha, de
Londres, o guitarrista BabyDaddy, coautor de todas as
canções do disco.
"Talvez a capa tenha sido
um pouco chocante e não represente a energia feminina
desta banda, mas talvez este
seja um álbum mais agressivo. No fim, fez sentido", disse, referindo-se à também vocalista Ana Matronic.
O grupo, que virou um
quarteto com a saída do baterista Paddy Boom, em 2008,
está em turnê pela Europa
(tocaram no festival Glastonbury) e diz que quer vir ao
Brasil neste ano.
Além de Nova York, outra
cidade com história na música pop está na gênese das
gravações de "Night Work".
"Quando estávamos ficando frustrados com o disco, Jake [Shears, vocalista] foi a
Berlim por dois meses. Saiu,
ouviu música e conheceu
gente por lá. Eu me juntei a
ele depois. A vida noturna e o
clima de abandono da cidade
nos inspiraram", contou.
Referências a sexo, noite e
submundo distribuem-se pelas 12 faixas do disco, que termina com uma participação
ilustre do ator - homossexual- Ian McKellen (o Gandalf, de "Senhor dos Anéis").
Em "Invisible Light", sua
voz convoca "prostitutas pintadas, gladiadores sexuais e
crianças" a acordar para a estreia de uma bacanal.
Baby Daddy, longe de se
preocupar em ficar restrito a
um só público, diz que os Sisters tentam só ser eles mesmos. E não concorda com
quem identifica na banda um
estilo camp, marcado pela
forte ironia e artificialidade.
"É verdade que às vezes
gostamos de ser fabulosos.
Mas o camp talvez seja a maneira pela qual o público hétero consegue aceitar a cultura gay, uma maneira de torná-la convidativa e divertida", disse. "E o que fazemos
não é piada. Nós não somos
muito irônicos."
CARLOS HEITOR CONY
Excepcionalmente hoje não é publicada a coluna.
Texto Anterior: Copa e Olimpíada alavancam museus Próximo Texto: Crítica: Disco é um manifesto à vida noturna e une Bee Gees, Prince e Duran Duran Índice
|