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MEMÓRIA
25 anos após sua morte, ídolo inspira cerca de cem seitas pelo mundo afora, segundo governo norte-americano
Elvis é o messias de religiões alternativas
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Que Elvis não só morreu como
continua faturando horrores você
já está cansado de saber.
O que mais impressiona nos 25
anos do desaparecimento de Elvis
Presley (1935-1977), cuja data redonda é lembrada hoje no mundo
inteiro, não são os números que
cercam o império construído pelo
homem que ajudou a inventar o
rock'n'roll e foi um dos primeiros
produtos da cultura de massa surgida com a TV.
E olhe que esses são números
impressionantes, conforme o leitor pode conferir no quadro ao lado. Apenas uma série deles, divulgada no início da semana, fala
mais do que mil palavras. Segundo estudo online realizado pelo site Harry Interactive, que ouviu
2.000 adultos nos Estados Unidos:
* um em cada dez norte-americanos já visitou Graceland, a
mansão do Rei em Memphis, Estado do Tennessee;
* 10% dos americanos maiores de
18 anos (um exército de 17 milhões de pessoas) tentaram imitá-lo em algum momento;
* 70% da população do país já assistiu a pelo menos um dos 33
longas de sua carreira;
* uma em cada 20 pessoas viu um
show de Elvis antes de sua morte.
Mas não são esses números, repito, o que mais impressionam. E,
sim, saber que na última década,
segundo dados do próprio governo norte-americano, surgiram
pelo menos cem novas seitas no
mundo inteiro que aceitam o cantor de "Love me Tender" como o
messias. Não é exagero.
Elvis Aaron Presley nasceu no
dia 8 de janeiro de 1935 em Tupelo, Mississippi. Viria a morrer na
madrugada do dia 16 de agosto de
1977 num dos vários cômodos de
sua casa, de ataque cardíaco causado por consumo de drogas. Nos
42 anos que separam as duas datas, não foi o que se pode considerar um sujeito religioso.
Mesmo assim, 15 anos depois de
sua morte, surgiu a pioneira das
chamadas "Igrejas de Elvis". Tratava-se da Primeira Igreja Presleyteriana de Elvis, o Divino, fundada na mesma Memphis de Graceland, e que atualmente tem representantes no mundo inteiro, o
maior deles na Austrália, comandado por uma mulher que se denomina apenas "ministra Anna".
Nos últimos anos, no entanto, o
número de seitas ultrapassou a
centena, a maioria formada por
pessoas que levam a sério o que
pregam e pelo menos uma dezena
de fãs bem-humorados que encontraram na sátira uma outra
forma de homenagear o ídolo.
Nem sempre é possível fazer a distinção entre uns e outros.
Aparentemente na primeira categoria se encaixam a Elvishnu,
com sede apenas virtual, que defende que o músico é a décima encarnação do deus védico Vishnu,
e a Primeira Igreja Congregacional de Elvis, na Virgínia Ocidental, para a qual ele é a reencarnação do espírito guardião Elvi
(pronuncia-se "êlvai").
Já na segunda categoria está a
Igreja 24 Horas de Elvis, criada
em Portland (Oregon) por Frank
Wu, um fã que define assim sua
denominação: "A Igreja 24 Horas
de Elvis não funciona 24 horas,
não é uma igreja e não tem muito
de Elvis". Mesmo assim, o lugar é
licenciado pelo Estado para realizar casamentos e batizados. E
vender camisetas e lembranças,
pois ninguém é de ferro.
Por fim, há a categoria de seitas
já estabelecidas que resolveram
santificar a figura do roqueiro como maneira de atrair parte de
seus fãs para sua senda. Assim, a
Igreja da Vida Universal, baseada
na cidade californiana de Modesto, há alguns anos aceitou o cantor como um de seus santos.
A justificativa, segundo seu fundador, Kirby J. Hensley: "Elvis
mostrou fé e esperança quando,
na adolescência, insistiu em seguir seu chamado como músico,
apesar de suas origens humildes.
Ele provou ainda que era generoso por sua óbvia e bem documentada obra de caridade. Todos esses atributos são comprovados
por seu extraordinário número de
seguidores".
E, como já disse alguém, 50 milhões de seguidores não podem estar enganados.
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