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POLÍTICA CULTURAL
MinC diz que vai "reexaminar" pedido de captação de recursos para produção de filme baseado no seriado
Governo suspende incentivo a "Os Normais"
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O Ministério da Cultura decidiu
suspender, "para reexame", a
aprovação do projeto "Os Normais", que transformaria o seriado da TV Globo em filme de cinema. Assim, os produtores perdem
o direito de captar, por meio das
leis do Audiovisual e Rouanet, de
incentivos fiscais, R$ 3,34 milhões
-o que corresponde à quase totalidade do orçamento do filme,
de R$ 4,1 milhões.
O ministério tomou a decisão
depois de ter sido procurado pela
Folha, na terça-feira, para detalhar informações sobre os responsáveis formais pelo projeto.
De acordo com as regras, a Globo Filmes, que participa do empreendimento, não pode ser beneficiada por leis de incentivo fiscal, reservadas apenas a produtores independentes.
Nos registros do ministério, a
Globo Filmes não aparecia como
a proponente do projeto.
A responsável formal pelo pedido era a Missão Impossível Cinco
Produções Artísticas Ltda. A produtora é de um executivo da TV
Globo, Eduardo Figueira. Seu endereço é, na verdade, o da própria
casa de Figueira. Ao ser procurado anteontem pela Folha para falar sobre sua produtora independente, Figueira informou que só a
assessoria da TV Globo poderia se
manifestar.
Os vínculos do executivo com a
TV e o fato de sua produtora não
estar instalada num endereço comercial chamaram a atenção para
a possibilidade de a Globo estar
usando um artifício para conseguir autorização para captar recursos pelas leis de incentivo.
Carlos Eduardo Rodrigues, diretor da Globo Filmes, rechaça a
hipótese. "O ministério se assustou com a ligação da Folha, e tomou uma decisão sem nexo. Vamos recorrer para regularizar a situação e proteger o investimento
que já fizemos no filme", diz ele.
"A TV Globo permite que seus
recursos artísticos e de produção
tenham projetos independentes
nas áreas de cinema, teatro e
shows. As pessoas têm liberdade
de desenvolver projetos próprios
e oferecer, como parceiros, para a
própria Globo."
Segundo ele, foi isso o que aconteceu com "Os Normais": a iniciativa de transformar o seriado em
filme teria partido do próprio
Eduardo Figueira. A Globo Filmes, garante, terá participação
minoritária no projeto.
"Figueira tem uma ampla experiência. Foi o produtor executivo
do "Auto da Compadecida", o
maior sucesso de bilheteria de
2000, e de "Caramuru", que levou
300 mil pessoas ao cinema. Ele
tem mais experiência do que 95%
dos que estão no mercado."
O currículo de Figueira, acredita
o executivo da Globo Filmes, seria
suficiente para que o ministério
concedesse a ele a autorização para captar o dinheiro. O ministério
só autoriza a captação de valores
mais altos -no caso, R$ 3 milhões- para "proponente que tenha, comprovadamente, produzido (...) pelo menos dois longas-metragens", o que não é o caso da
produtora Missão Impossível.
Mas pode levar também em consideração o currículo dos sócios
da produtora, como o de Figueira.
O projeto havia sido aprovado
no mês passado. De acordo com o
"Diário Oficial da União" de 15 de
julho, a Missão Impossível foi autorizada a captar R$ 3 milhões pela Lei do Audiovisual e outros R$ 349 mil pela Lei Rouanet. A contrapartida exigida era de R$ 837 mil.
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