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CINEMA/ESTRÉIAS
"INSÔNIA"
Novo longa de Christopher Nolan deixa o público a par da trama
Diretor de "Amnésia" traz noites em claro da Noruega
ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA FOLHA, EM SAN FRANCISCO
O diretor Christopher Nolan, de
"Amnésia", foi buscar inspiração
longe de casa para "Insônia". Seu
novo filme é, na verdade, uma refilmagem do "Insônia" de 97 feito
pelo norueguês Erik Skjoldbjaerg.
O original tem o veterano ator
Stellan Skarsgaard no papel principal, que é de Al Pacino agora.
Ambos excelentes, os atores conseguiram dar um ar muito distinto ao mesmo personagem.
O inglês Nolan, 32, falou à Folha
em San Francisco, poucos dias
antes de o filme estrear no país e
arrecadar US$ 66 milhões, quase
o triplo de "Amnésia".
Folha - Como você convenceu Al
Pacino a aceitar o papel principal?
Christopher Nolan - Quando o
convidei, ele queria saber o porquê da escolha. Expliquei que precisava de alguém capaz de mostrar sua inteligência moral. Afinal,
o personagem não pode conversar com ninguém sobre seus dilemas. Ele gostou do desafio e me
impressionou todos os dias.
Folha - A câmera manual e as cores em "Insônia" lembram a impressão que temos após noites maldormidas. Como foi para você desenvolvê-las?
Nolan - Trabalhei com o mesmo
diretor de fotografia de "Amnésia", Wally Pfister. Ele é muito talentoso, segura a câmera na mão e
aceita instruções sem problemas.
Eu queria passar as impressões
que os personagens têm. A intenção foi acompanhar o personagem, colocando a câmera acima
de seu ombro e tentando mostrar
o que ele está vendo.
Folha - O roteiro original já veio
traduzido para o inglês ou foi sua
equipe que o traduziu?
Nolan - Acho que o filme original
não foi feito a partir de um roteiro. Hillary Seitz, que escreveu o
meu filme, assistiu ao original
duas vezes e escreveu uma nova
versão. Eu tinha feito a mesma
coisa dois anos antes. Por isso as
cenas estão em ordem diferente
quando se comparam os filmes.
Folha - Seu primeiro filme, "Following", e o segundo, "Amnésia",
têm em comum o fato de os personagens não saberem o que está
acontecendo. Mas, em "Insônia",
eles, e também o público, sabem o
que está acontecendo...
Nolan - Sim, é uma maneira diferente de passar as informações. É
muito mais interior e sutil. Mas,
apesar de o público estar tão a par
da percepção do personagem de
Pacino, não sabe exatamente o
que aconteceu. Você tem que ficar
ligado no que ele está fazendo e
precisa ir absorvendo as informações. As coisas que acontecem são
inesperadas, mas todo mundo sabe quem matou quem. Esse mistério não é o mais importante.
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