São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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CINEMA/ESTRÉIAS

"INSÔNIA"

Novo longa de Christopher Nolan deixa o público a par da trama

Diretor de "Amnésia" traz noites em claro da Noruega

ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA FOLHA, EM SAN FRANCISCO

O diretor Christopher Nolan, de "Amnésia", foi buscar inspiração longe de casa para "Insônia". Seu novo filme é, na verdade, uma refilmagem do "Insônia" de 97 feito pelo norueguês Erik Skjoldbjaerg.
O original tem o veterano ator Stellan Skarsgaard no papel principal, que é de Al Pacino agora. Ambos excelentes, os atores conseguiram dar um ar muito distinto ao mesmo personagem.
O inglês Nolan, 32, falou à Folha em San Francisco, poucos dias antes de o filme estrear no país e arrecadar US$ 66 milhões, quase o triplo de "Amnésia".

Folha - Como você convenceu Al Pacino a aceitar o papel principal?
Christopher Nolan -
Quando o convidei, ele queria saber o porquê da escolha. Expliquei que precisava de alguém capaz de mostrar sua inteligência moral. Afinal, o personagem não pode conversar com ninguém sobre seus dilemas. Ele gostou do desafio e me impressionou todos os dias.

Folha - A câmera manual e as cores em "Insônia" lembram a impressão que temos após noites maldormidas. Como foi para você desenvolvê-las?
Nolan -
Trabalhei com o mesmo diretor de fotografia de "Amnésia", Wally Pfister. Ele é muito talentoso, segura a câmera na mão e aceita instruções sem problemas. Eu queria passar as impressões que os personagens têm. A intenção foi acompanhar o personagem, colocando a câmera acima de seu ombro e tentando mostrar o que ele está vendo.

Folha - O roteiro original já veio traduzido para o inglês ou foi sua equipe que o traduziu?
Nolan -
Acho que o filme original não foi feito a partir de um roteiro. Hillary Seitz, que escreveu o meu filme, assistiu ao original duas vezes e escreveu uma nova versão. Eu tinha feito a mesma coisa dois anos antes. Por isso as cenas estão em ordem diferente quando se comparam os filmes.

Folha - Seu primeiro filme, "Following", e o segundo, "Amnésia", têm em comum o fato de os personagens não saberem o que está acontecendo. Mas, em "Insônia", eles, e também o público, sabem o que está acontecendo...
Nolan -
Sim, é uma maneira diferente de passar as informações. É muito mais interior e sutil. Mas, apesar de o público estar tão a par da percepção do personagem de Pacino, não sabe exatamente o que aconteceu. Você tem que ficar ligado no que ele está fazendo e precisa ir absorvendo as informações. As coisas que acontecem são inesperadas, mas todo mundo sabe quem matou quem. Esse mistério não é o mais importante.


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