São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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COPIÃO

Vitrine, "Cidade de Deus" promove até antagonista

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO

Mesmo com cinco filmes brasileiros inéditos no Festival de Gramado, que termina amanhã, "Cidade de Deus" dominou as conversas.
FHC e Lula já assistiram ao longa de Fernando Meirelles, co-dirigido por Katia Lund. O filme será lançado (com cem cópias) no próximo dia 30. Um papel tão protagônico pedia um antagonista. Helvécio Ratton se candidatou com "Uma Onda no Ar", que estréia dia 6 de setembro, depois de ter sido visto em disputa em Gramado, quarta.
"É uma coincidência histórica e cinematográfica. Fiz o primeiro "O Menino Maluquinho", Meirelles fez o segundo. São filmes bem diferentes. Li o roteiro de "Cidade de Deus". Tenho a impressão de que são estéticas e éticas opostas", diz Ratton.
Meirelles não foge ao debate. Aliás, seu objetivo. Tem encarado platéias e diz que realizou "Cidade de Deus" no impulso de oferecer ao público a revelação do Brasil real que experimentou pelo livro de Lins.
O filme de Ratton agradou à platéia do Festival de Gramado. Mas, se é para comparar, parte da crítica sentiu falta do apuro técnico e das grandes interpretações da obra de Meirelles.

ARTISTAS X INTELECTUAIS

Domingos de Oliveira encerra a competição hoje em Gramado com "Separações". "Artistas gostam de ser muito comunicativos. Intelectual é que gosta de ser hermético. A clareza é a cortesia do filósofo", diz, mas avisa: "A preconização do filme médio é de uma burrice estonteante. Esse filme não é nada. É melhor fazer o da Xuxa". A Folha viu. "Separações" é bom.

A FRASE

"Definitivamente este não é o meu lugar." Era o curta-metragista Mauro Giuntini ("O Jardineiro do Tempo"), sobre o palco do Palácio dos Festivais.

SAÍDA À MINEIRA

O documentário "Poeta de Sete Faces", de Paulo Thiago, competiria em Gramado. Em conversas com o diretor, a organização do festival julgou ser excessiva pressão por resultados. O filme passou "hors-concours".

OFERTA E DEMANDA

O festival previa a chegada de mil convidados. Consta que vieram 1.800. Já se temia superlotação do Palácio dos Festivais (1.100 assentos). Para o público, os ingressos às sessões oficiais vão de R$ 20 a R$ 30. A platéia andou bem desfalcada até quarta. As conversas no hall, animadíssimas.


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