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TEATRO
Encenador inglês vai a CEU de Vila Prudente conhecer projeto de teatro da prefeitura, mas não havia atividades
Peter Brook tem encontro frustrado em SP
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A passagem de Peter Brook e
dos atores do Centro Internacional de Criação Teatral por São
Paulo e Belo Horizonte deixará
lastros na memória dos artistas e
do público brasileiro em geral.
Desde que chegaram ao país, na
semana passada, eles cumprem
agenda paralela com o mesmo entusiasmo com que realizam os ensaios fechados de "Tierno Bokar",
montagem que estreou em junho
na Alemanha, e será vista por aqui
antes de chegar, em outubro, ao
Bouffes du Nord, o teatro do grupo em Paris.
Os ensaios acontecem no teatro
da Galeria Olido, o edifício da avenida São João onde funcionava o
cinema homônimo e que virou
centro cultural, ainda em obras.
Brook faria um ensaio aberto
ontem, no local, seguido de bate-papo com o público. No sábado,
foi a vez do ator africano Sotigui
Kouyaté. O protagonista da peça e
seu colega japonês Yoshi Oida darão workshop durante a semana
em unidades do CEU (Centro
Educacional Unificado). Oida vai
ainda à Escola Livre de Teatro de
Santo André. Tudo grátis.
Brook volta a falar com o público, hoje, no Sesc Vila Mariana, como o fez no Teatro Francisco Nunes (MG), nas atividades preliminares do 7º FIT-BH (Festival Internacional de Teatro - Palco &
Rua de Belo Horizonte), de 18/8 a
30/8. "Tierno Bokar" será apresentado em ambos os teatros (os
ingressos estão esgotados).
Não é de estranhar essa disposição para encontros em meio à turnê de oito apresentações (quatro
em cada cidade). É da natureza de
Brook a disponibilidade para a
troca. Para ele, teatro é sinônimo
de encontro do público com o artista. A chave, diz, está na qualidade com que os dois lados escutam
a si e ao outro.
Na sexta, Brook, a dramaturgista francesa Marie-Hélène Estienne e alguns atores visitaram o
CEU Rosa da China em Vila Prudente. Lá esperavam encontrar
artistas não-profissionais participando do Teatro Vocacional, projeto da Secretaria Municipal de
Cultura, mas não havia atividades. Ficou combinado novo encontro para a próxima terça.
"Queremos ver as pessoas, não o
espaço", disse Estienne.
A prefeitura gastou cerca de R$
100 mil na realização dos eventos
gratuitos. Ela é parceira na temporada paulista com o Sesc (Serviço Social do Comércio). A turnê
só foi possível também com a participação do FIT-BH.
Sobre "Tierno Bokar", Brook,
79, afirma que a peça trata de um
tema explosivo nos dias de hoje: a
religião. "Tivemos a sorte de conviver durante 20 anos com um
grande homem africano, Amadou Hampâité Bâ [1901-91]. Ele
nasceu no Mali e dedicou parte da
vida à preservação da tradição
oral africana", diz.
A perseverança pela busca de
uma pureza levou Hampâité Bâ,
paradoxalmente, a enxergar os
conflitos dentro da própria religião. "Para ele, a coisa mais importante era conhecer profundamente as demais religiões. Foi por
isso que chegou a uma compreensão e tolerância raras. Tudo isso
ele herdou de um mestre que morava num pequeno vilarejo, Tierno Bokar [1875-1940]", diz Brook.
"Quando lemos o livro de Hampâité Bâ sobre Bokar, vemos que
algo extremamente dramático se
passava dentro de um clima de
paz e de calma. Surgia essa situação incrível dos números 11 e 12,
que são o tema central da peça. O
que no começo era uma simples e
honesta discussão (se uma oração
deveria ser repetida 11 ou 12 vezes), tornou-se pouco a pouco a
raiz das guerras."
ENCONTRO COM PETER BROOK - Hoje,
às 15h. Onde: Sesc Vila Mariana (tel.0/x/
11/5080-3000). Senhas esgotadas.
WORKSHOP COM SOTIGUI KOUYATÉ
-Quarta, às 10h. Onde: CEU Inácio
Monteiro (Cidade Tiradentes. tel. 0/xx/11/6518-9044).
WORKSHOP COM YOSHI OIDA -Quinta,
às 10h. Onde: CEU Três Lagos, Capela do
Socorro (tel. 0/xx/11/5976-5661).
Sábado, às 15h. Onde: Escola Livre de
Teatro de Santo André (tel. 0/xx/11/
4996-2164).
TIERNO BOKAR - Direção: Peter Brook.
De amanhã a sexta, às 21h. Onde: Sesc
Vila Mariana. Ingressos esgotados. De
27/8 a 30/8. Onde: teatro Francisco
Nunes, dentro do FIT-BH. Ingressos
esgotados.
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