São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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MC5

Grupo mítico dos anos 60 cria conexões entre gerações roqueiras

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando não há mais sexo nem drogas, ainda há um terceiro elemento. Sorte para os potentes tiozinhos do MC5, que tiraram o amargo do Campari. Sorte para todos que o rock é, em grande parte, feito de lendas.
O MC5 é envolto no mito da América de 1968: Vietnã, Panteras Negras etc. O fato é que o próprio Kramer já chegou a declarar que há certo exagero nessa história.
Sobem ao palco, portanto, já vitoriosos. Em dias de descrença nas instituições, ver esse show é uma tentativa de fazer nascer a fé na política. Ela nem é o principal, apesar de até surgir em falas de Kramer ("Naquela época havia uma guerra; hoje também há uma guerra e também não gostamos dela"), ou na catártica "Kick Out the Jams" -que não iniciou nenhuma revolução, mas apenas uma devastadora roda de pogo.
A tal da política do MC5 tinha muito mais a ver com a transformação dos costumes jovens. E, nisso, o show foi exemplar. Tanto que a questão "roqueiros mercenários que voltam para ganhar um troco" é irrelevante (estamos falando de Kramer, sujeito que foi em cana por tráfico de drogas). E aí entra o fator Mark Arm.
O vocalista convidado faz a ponte entre as gerações. Esgoela-se no palco, em uma entrega completa. Não erra quem disser que certas coisas não mudaram muito desde 1968, seja na política, seja na música. Resta saber se era o MC5 que estava à frente de seu tempo ou se, hoje, as coisas é que andam retrógradas.


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