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MC5
Grupo mítico dos anos 60 cria conexões entre gerações roqueiras
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando não há mais sexo
nem drogas, ainda há um
terceiro elemento. Sorte para os
potentes tiozinhos do MC5, que
tiraram o amargo do Campari.
Sorte para todos que o rock é, em
grande parte, feito de lendas.
O MC5 é envolto no mito da
América de 1968: Vietnã, Panteras
Negras etc. O fato é que o próprio
Kramer já chegou a declarar que
há certo exagero nessa história.
Sobem ao palco, portanto, já vitoriosos. Em dias de descrença
nas instituições, ver esse show é
uma tentativa de fazer nascer a fé
na política. Ela nem é o principal,
apesar de até surgir em falas de
Kramer ("Naquela época havia
uma guerra; hoje também há uma
guerra e também não gostamos
dela"), ou na catártica "Kick Out
the Jams" -que não iniciou nenhuma revolução, mas apenas
uma devastadora roda de pogo.
A tal da política do MC5 tinha
muito mais a ver com a transformação dos costumes jovens. E,
nisso, o show foi exemplar. Tanto
que a questão "roqueiros mercenários que voltam para ganhar
um troco" é irrelevante (estamos
falando de Kramer, sujeito que foi
em cana por tráfico de drogas). E
aí entra o fator Mark Arm.
O vocalista convidado faz a
ponte entre as gerações. Esgoela-se no palco, em uma entrega completa. Não erra quem disser que
certas coisas não mudaram muito
desde 1968, seja na política, seja
na música. Resta saber se era o
MC5 que estava à frente de seu
tempo ou se, hoje, as coisas é que
andam retrógradas.
Avaliação:
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