Paulo Caldas apresenta novo filme, "Deserto Feliz", protagonizado pela atriz

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO

O 35º Festival de Gramado homenageou a atriz Zezé Motta por sua carreira no cinema -33 filmes em 40 anos de profissão. Ela recebeu o troféu Oscarito anteontem, quando foi chamada ao palco pelo ator José Wilker, mestre-de-cerimônias desta edição. "Eu me sinto feliz, comovido e orgulhoso de anunciar o nome da homenageada de 2007", disse Wilker, lembrando que atuou ao lado da atriz em "Xica da Silva" (1976), de Cacá Diegues, que ela protagonizou.
Em entrevista antes da premiação, Zezé contou que recebeu o primeiro convite para atuar na TV Globo quando "estourou" no Brasil e internacionalmente como Xica da Silva. "Entrei no táxi querendo devorar o roteiro e descobri que o meu papel seria o de servir doces numa festa", disse. Decidiu recusar o convite, contrariando o conselho de amigos de que não deveria "fechar uma porta tão importante". A avaliação de Zezé foi outra: "Ou viro a mesa agora ou não viro mais".
No Palácio dos Festivais, durante a homenagem, Zezé disse que era impossível descrever o que sentia. "Agradeço a todos os cineastas que me deram oportunidade de mostrar o que eu podia fazer", afirmou. Em seguida, cantou "Minha Missão" (João Nogueira/Paulo César Pinheiro).
Wilker leu carta de Diegues em que o cineasta diz: "Zezé é um signo de tudo o que fizemos ou ainda podemos fazer de bom como nação. É uma princesa do Brasil, a nossa princesa".
O cineasta Paulo Caldas, que foi em seguida ao palco apresentar seu "Deserto Feliz", concorrente brasileiro da noite, no qual Zezé Motta atua, "discordou" de Diegues: "Cacá vai ficar chateado comigo, mas acho que ela não é nossa princesa. É nossa rainha!".
Em "Deserto Feliz", Zezé é uma cafetina que vive em Recife, para onde a jovem protagonista do filme se muda, vinda do sertão, onde era abusada pelo padrasto, e cai na rede de exploração do turismo sexual.