São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Gramado aplaude de pé "Juventude"

Filme de Domingos Oliveira fala sobre três amigos com 70 anos; festival anuncia seus vencedores hoje

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO (RS)

No penúltimo dia de competição, anteontem, o 36º Festival de Cinema de Gramado encontrou seu queridinho. "Juventude", de Domingos Oliveira, foi o primeiro filme a arrancar da platéia gritos de "bravo!" e frenéticos aplausos de pé.
Quinto dos seis concorrentes nacionais a ser exibido -"A Festa da Menina Morta", de Matheus Nachtergaele, encerraria ontem à noite a disputa-, "Juventude" traz Paulo José, Aderbal Freire Filho e o próprio Oliveira como personagens que fazem um balanço de sua amizade desde a infância e, por extensão, de sua geração.
Os três se reúnem num fim de semana na mansão do milionário Davi (Paulo José), que prepara um banquete inspirado pela memória do texto teatral "A Ceia dos Cardeais", de Júlio Dantas, que ele havia encenado com os dois amigos no colégio.
Num monólogo interno que abre o filme, o dramaturgo Antonio, personagem de Oliveira, 71, define sua geração como a dos que acreditaram em Freud, em Marx e no amor eterno. "Somos aqueles que viveram e sobreviveram a muitos ideais; os que viram as falências das soluções, mas não me queixo", diz ele no longa.
Das conversas do trio ressurgem as lembranças das paixões fugazes e das duradouras que todos cultivaram. No presente, cada um vive um conflito relacionado ao amor por uma (ou por mais de uma) mulher.
A aflição de Ulisses (Freire Filho), médico de poucos recursos financeiros, empregado em hospital público, é em relação à filha. Para ajudá-la, ele busca apoio dos amigos. Essa subtrama acentua as diferenças entre os três, põe à prova a harmonia do encontro e em dúvida o futuro da amizade.
Oliveira e Paulo José apresentaram juntos o filme, na noite de quinta. O diretor afirmou que o cinema autoral é "o único que pode levar o cinema brasileiro a ser internacional".
O ator, que é gaúcho, resumiu o tom do filme citando livremente versos do poeta seu conterrâneo Mário Quintana: "Nem todos podem estar na flor da idade, mas todos podem estar na flor da sua idade".
O festival termina hoje, com a entrega dos troféus Kikito aos vencedores das disputas entre seis longas nacionais, cinco estrangeiros e dez curtas-metragens brasileiros.


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