São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

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Pai e filha divergem sobre a presidência

Maria Carolina quer nomear Paulo Kauffmann para seu cargo, mas seu pai quer João Carlos Camargo no posto

Atual presidente sonha em comprar Van Gogh e Monet para coleção e compara a antiga gestão à ditadura líbia

DE SÃO PAULO

Desde que assumiu o cargo de presidente da Fundação Nemirovsky, Maria Carolina é cobrada pelo Ministério Público paulista para nomear outro presidente e aceitar Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, no conselho da entidade.
Uma reunião que pode resolver o impasse está marcada para depois de amanhã.
Para Maria Carolina, o conselheiro Paulo Kauffmann é "a pessoa de mais confiança" para assumir o posto de presidente. Mas seu pai, o empresário Paulo de Moraes Leme, disse à Folha que a filha "vai indicar João Carlos Camargo", outro conselheiro.
Com a exigência de que Marcelo Araújo passe a fazer parte do conselho da fundação, o MP tenta contrabalançar o poder da família e evitar que eles levem as obras do acervo para outro endereço.
Este plano foi aventado por José Dirceu, eleito o patrono da coleção, o que gerou desconforto entre conselheiros. Coincidência ou não, dois deles renunciaram após a escolha. "É amigo do meu pai. Foi uma homenagem", diz ela.
Depois que a promotoria apontou irregularidades na posição de Dirceu, a família voltou atrás no discurso, dizendo que ele não tem funções administrativas.
"A Pinacoteca faz parte de uma história do Brasil que não pode ser esquecida, mas não acho justo que mais de 200 quadros estejam na reserva técnica", critica ela. "Eu passo por aqui e sinto que essas paredes estão vazias."
Essa é uma sensação recente. Até duas semanas atrás, Maria Carolina não sabia o caminho até a Estação Pinacoteca, na Luz, onde fica a coleção. Depois que seu segurança mostrou a rota, ela diz se sentir à vontade ali.
"Demorou muito tempo para a gente assumir, mas eu sabia que a justiça seria feita", diz Maria Carolina, tomando água de coco. "A gente achava que o [Jorge] Wilheim estava igual ao [Muammar] Gaddafi, um ditador."
Wilheim preferiu não comentar a comparação.
Os Nemirovsky querem divulgar o acervo, um dos maiores de arte moderna no país.
Maria Carolina sonha em comprar quadros de Monet e Van Gogh para a coleção dos avós. Numa folha, ela escreveu à mão outra meta de sua gestão: acabar com as brigas na fundação.
(SILAS MARTÍ)


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