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TEATRO
Montagem do diretor inglês é principal destaque entre as 42 peças do evento que começa hoje na capital gaúcha
Brook catalisa festival em Porto Alegre
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O 7º Porto Alegre em Cena começa hoje com a primazia de trazer para o país a primeira peça de
Peter Brook de que se tem notícia
no teatro brasileiro. E a R$ 5, valor
do ingresso para qualquer um dos
42 espetáculos programados para
o festival, 16 deles internacionais
(leia destaques da programação
no quadro ao lado).
"Le Costume" (O Traje), a mais
recente produção do encenador
inglês, responsável pelo Centro
Internacional de Criação Teatral
(CICT), com sede em Paris, será
apresentada entre os dias 21 e 24
deste mês.
Os ingressos para as quatro noites estão esgotados há uma semana. O teatro escolhido para receber a montagem, o Renascença,
na capital do Rio Grande do Sul,
tem capacidade para 300 pessoas.
Um dos encenadores mais importantes do teatro mundial contemporâneo -"Mahabharata"
(85, épico hindu também levado
ao cinema, pelo próprio, quatro
anos depois) e "Marat/Sade" (64),
entre outras encenações históricas-, Brook não poderá vir ao
Brasil. Está empenhado em uma
montagem de "Hamlet", de William Shakespeare.
O Porto Alegre em Cena abre
hoje com o "A Vida É Cheia de
Som e Fúria", sucesso de público e
crítica em São Paulo, Curitiba e
Belo Horizonte.
A Folha apurou que "A Vida É
Cheia de Som e Fúria" também
teve os ingressos esgotados, assim
como mais dez espetáculos da
programação, como "Salt", da
companhia de dança canadense
La La La Human Steps; "Barboni", da trupe italiana Pippo Delbono; e o monólogo brasileiro
"Anjo Duro", interpretado por
Berta Zemel.
Segundo Luciano Alabarse, 47,
diretor-geral do festival, uma das
marcas registradas do evento é a
inclusão de montagens de países
latino-americanos. Há quatro espetáculos da Argentina e outros
quatro do Uruguai.
"Temos a absoluta noção da
nossa posição geográfica, da importância de estabelecer um diálogo cultural com o Mercosul,
com grupos que dificilmente se
apresentariam no Brasil", afirma.
Outra característica da curadoria, diz Alabarse, é privilegiar o
que ele define como "espetáculos
de risco, produções independentes, artesanais mesmo, que investem na pesquisa de linguagem cênica". Não traz espetáculo com
atores de televisão ou de apelo comercial, por exemplo.
Essa identidade é acolhida pelo
público local. Segundo ele, o espectador está acostumado a conferir as montagens que ousam esteticamente. "Quando sai de casa,
ele tem a sensação de que está indo assistir a um projeto importante, que irá estimulá-lo."
Mesmo com essa perspectiva, o
Porto Alegre em Cena investe na
diversidade. "Há opções para todos os gostos, desde a maravilhosa orgia dionisíaca de Zé Celso,
com seu "Boca de Ouro", até o rigor estético de um Peter Brook."
Do "porão paulistano", como
define o diretor-geral, aludindo
ao underground teatral da cidade,
ele queria levar também Antunes
Filho, com a tragédia "Fragmentos Troianos". "Ele desistiu por
causa de problemas internos",
afirma Alabarse.
Este ano, o festival vai ocupar 14
teatros da cidade, seis espaços
não-convencionais, além de ruas
e praças que receberão espetáculos afins. A estimativa de Alabarse
é atrair um público de 50 a 70 mil
pessoas, como nos dois últimos
anos.
O orçamento do evento é de cerca de R$ 1,2 milhão, do qual R$
460 mil são provenientes da Prefeitura de Porto Alegre.
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