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POLÍTICA CULTURAL
Na disputa pelo governo do Rio, área é vista como instrumento de inclusão social e de combate ao tráfico
Candidatos querem usar cultura contra a violência
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
A idéia pode parecer romântica
ou promessa vazia de campanha,
mas os quatro principais candidatos ao governo do Rio dizem acreditar que poemas, filmes e peças
teatrais possam ajudar a combater a violência, tema central do debate na sucessão estadual.
"Descentralizar" o acesso à cultura e usá-la como instrumento
de inclusão social e de combate ao
recrutamento de jovens pelo narcotráfico é ponto comum das propostas para a área de cultura dos
candidatos Rosinha Matheus
(PSB), Jorge Roberto Silveira
(PDT), Benedita da Silva (PT) e
Solange Amaral (PFL). Os quatro
receberam, por e-mail, perguntas
da Folha sobre suas prioridades
para a cultura.
"É preciso disputar menino a
menino com o tráfico", diz Luiz
Eduardo Soares, ex-secretário de
Segurança do Estado e coordenador do programa de governo do
PT, que respondeu às perguntas
por Benedita -atual governadora, em terceiro lugar na corrida
sucessória.
"Para que tenhamos êxito na
disputa, temos de oferecer aos jovens pelo menos os mesmos benefícios dados pelo tráfico", afirma Soares. "O tráfico oferece bens
simbólicos e afetivos, que reforçam a auto-estima [dos jovens"."
"A disputa pelos meninos, com
o consequente esvaziamento do
"exército do tráfico", não é só econômica, é também cultural, isto é,
depende da capacidade da sociedade e do Estado de atrair o imaginário dos jovens sem esperança
e saciar sua fome de sentido."
A líder nas pesquisas de intenção de voto, Rosinha Matheus
(PSB), estendeu ao seu projeto de
cultura a marca do governo de seu
marido e atual candidato à Presidência, Anthony Garotinho
(PSB). Seguindo o modelo do restaurante e do hotel popular, que
cobram R$ 1 por refeições e pernoite, Rosinha pretende criar o
"ingresso popular" de R$ 1.
Além do ingresso mais barato
"nos teatros da rede estadual, em
dias determinados", Rosinha promete implementar Centros Integrados de Cultura (CICs), "em
áreas carentes de equipamentos
permanentes de cultura".
Os CICs terão "estrutura tubular" e serão equipados, diz a candidata, com palcos, bibliotecas,
salas de exposições e camarins.
Neles, Rosinha diz pretender levar teatro, cinema, exposições,
cursos e oficinas culturais para a
população do Estado.
Os programas de cultura, diz a
candidata, serão pensados de maneira integrada com projetos de
outras áreas: "Como exemplo, o
apoio a ações sociais em áreas críticas que serão desenvolvidas pela
Secretaria de Segurança Pública".
O candidato da Frente Trabalhista também promete centros
culturais. Centros Populares de
Cultura e Cidadania, CPCCs, é o
nome que eles ganham com Jorge
Roberto Silveira, em segundo lugar na disputa. Rivalizando com
as "estruturas tubulares" de Rosinha, os CPCCs têm projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.
Jorge Roberto também ressalta
a importância da cultura para
combater a violência. "A cultura,
tratada de maneira abrangente
pelo governo, abre alternativas
aos jovens assediados pela criminalidade e gera empregos", diz.
A candidata da coligação Todos
pelo Rio, Solange Amaral, diz que
"a cultura é uma mola de mudança social e, se bem impulsionada,
de consequências profundas".
"Ao oferecer à população acesso
irrestrito a programas culturais de
qualidade, como oficinas de arte,
música nas escolas, espetáculos
teatrais, musicais, o programa público de cultura coloca efetivamente a mão em espaços que poderiam ser ocupados por um poder paralelo", afirma.
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