Peça feita a oito mãos, incluindo Debret e Rugendas, estará na Brasiliana Itaú, no Rio

MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

À primeira vista, a imagem se parece com uma colagem de antigos cartões postais do Rio de Janeiro, espalhados ao acaso numa tela e sem grande pretensão artística.
Trata-se de um trompe l'oeil (do francês, "engana o olho") técnica bastante em voga na Europa entre os anos 1820 e 1840, que simulava este efeito através da pintura e do desenho.
Isto quer dizer que cada uma destas pequenas imagens é uma obra de arte individual pintada ou desenhada sobre a mesma superfície. O que torna o conjunto excepcional são seus autores.
Das 16 imagens, sete foram feitas por Jean Baptiste Debret, três provavelmente por Araújo Porto Alegre, uma por Johann Moritz Rugendas e uma por Victor Barat, pintor menor, mas que teve o mérito de reunir o grupo.
Não existe equivalente a nenhuma delas na iconografia brasileira. Está ali a única imagem conhecida da abdicação de D. Pedro 1º, em 1931, feita por Debret. E a única representação do monarca a cavalo de autoria do pintor.
A obra, que pela primeira vez será exposta ao público, é a mais nova aquisição da coleção Brasiliana Itaú, cuja mostra será aberta nesta sexta-feira no Rio, depois de atrair 100 mil pessoas em São Paulo e Belo Horizonte.
O curador da exposição e consultor de aquisições do Itaú, Pedro Corrêa do Lago, achou a relíquia por acaso.
Feita em 1932, ela foi guardada todo o tempo por um colecionador francês interessado nos trompe l'oeil, que não sabia quem eram os autores.
O achado descortina novas informações para a historiografia brasileira. "No início da Missão Francesa havia grande rivalidade entre pintores como Debret e Taunay. A colaboração de vários artistas indica que seus interesses nesta época estavam mais afinados", diz Lago.

COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ
ONDE Museu Nacional de Belas Artes do Rio (av. Rio Branco, 199, tel. 0/xx/21/2219-8474)
QUANDO abre amanhã; até 21/11
QUANTO R$ 5


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