São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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Indie exibe radicais Béla Tarr e Claire Denis

Retrospectivas dos dois cineastas são os destaques da mostra de cinema, que acontece de hoje a 29 de setembro

Festival vai apresentar 67 obras de 18 países; programação inclui 9 documentários sobre bandas underground

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Esqueça o cheiro enjoativo da pipoca. A temporada mais intensa para o cinéfilo exigente começa hoje com as retrospectivas completas do húngaro Béla Tarr e da francesa Claire Denis.
Ambos dão peso à seleção de 67 filmes de 18 países reunida no festival Indie 2011. Com rigor formal e crença no cinema como forma de equilíbrio entre o apelo sensorial e o poder de questionamento, esses dois cineastas vêm, há cerca de duas décadas, construindo obras radicalmente autorais.
A filmografia de Tarr enfoca o indivíduo sob as forças de opressão, da política à natureza, e traduz seu pessimismo na forma de quadros vivos de sufocante beleza.
A opção que o artista húngaro faz pelo preto e branco põe em relevo nuances de tonalidades e luz que exigem a projeção em película na telona do Cinesesc.
Os mais resistentes não se arrependerão de virar a madrugada de sábado para domingo absortos na narrativa em mantra de sete horas e meia de "Satantango".
Quem tiver preguiça não precisa de mais que os cinco minutos de "Prólogo" (21/9) para voltar a acreditar que o cinema ainda não morreu, ao contrário do que afirma o coro de carpideiras.
De modo paralelo, os filmes de Claire Denis mergulham o espectador na sensorialidade de corpos e visões para representar embates políticos aquém das eleições e da corrupção.
Sua atenção à microfísica evidencia forças que se chocam, se subjugam, se destroem ou se movem sem rumo sob a trilha de baixas intensidades compostas pela banda Tindersticks.
Sempre fiel ao seu nome, o festival reserva a seção "Mostra Mundial" para jovens cineastas que indagam o presente e a atitude geracional frente a questões como a livre sexualidade ou a ausência dela, os efeitos da crise mundial sobre a adolescência e a eterna fragilidade dos relacionamentos.
Já a seção "Música do Underground" reúne nove documentários que atendem ao público capaz de escutar com clareza o rumor e o ruído.


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