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TEATRO
DRAMA
Eduardo Tolentino remonta texto de Nicholas Wright sobre a psicanalista austríaca, interpretada por Nathália Timberg
"Feridas emocionais" de Klein ganham o palco
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Simbolicamente, a psicanálise
costuma interpretar que há mais
de duas pessoas numa relação.
Um terceiro que se forma a partir
da união. Terceiro que por vezes
se multiplica, conforme o grau
das "feridas emocionais".
Em "Melanie Klein" (88), o dramaturgo britânico Nicholas
Wright (1940-) compõe um triângulo formado pela personagem
da mãe, baseada na psicanalista
austríaca Melanie Klein (1882-1960); sua filha, Melitta, que exerce o mesmo ofício e se opõe às
teorias de Klein; e Paula, outra
discípula da intelectual.
Segundo Eduardo Tolentino,
48, que remonta a peça dez anos
depois, Wright "faz um belo corte
de bisturi", expondo fragilidades
e potências da mulher e da profissional Klein, sem apelar ao recorte
biográfico ou pretender espelhar
sua obra inteira.
O dramaturgo, que já trabalhou
no Royal Court Theatre e atualmente é residente no National
Theatre (Londres), concentra a
peça numa noite de 1934. "Noite
em que os fatos são concentrados
pela própria realidade. O cerne de
um momento de crise no qual se
revela muito", diz Tolentino.
O pano de fundo é a morte de
Hans, filho de Klein (Nathália
Timberg), num acidente. Melitta,
interpretada por Carla Marins,
credita a morte a avalanches do
passado. A filha acha que o irmão
cometeu suicídio. Culpa a mãe
pela educação pragmática, distante na infância. Paula (por Rita
Êlmor) é espectadora, cúmplice e
por vezes mediadora dos conflitos. No entanto, não deixa de expor, ela também, suas dores.
Numa das cenas, sentadas à mesa para um chá, Klein brinca:
"Agora, quem será a mãe?". São
diálogos que evocam sonhos,
choros, aceitações, rejeições.
"Vemos uma mulher extremamente inteligente lidando com as
fragilidades do ser nas relações
consigo própria e com aqueles a
quem ama. É uma Melanie Klein
multifacetada", diz Timberg, 74.
"Percebe-se também todo o ser
humano represado atrás da mulher de ciência. Essa busca de segurar-se nesse ser humano tão
complexo tem sido fascinante."
Antes do drama da vez, Timberg foi dirigida recentemente
por Tolentino na comédia "A Imprudência de Ser Fiel".
MELANIE KLEIN. De: Nicholas Wright.
Tradução e direção: Eduardo Tolentino.
Com: Nathália Timberg, Carla Marins e
Rita Êlmor. Onde: teatro Espaço Promon
(av. Juscelino Kubitschek, 1.830, SP, tel.
0/xx/11/3847-4111). Quando: estréia
hoje (convidados); a partir de amanhã
para o público; sex, às 21h30; sáb., às
21h; dom., às 19h. Quanto: de R$ 30 a R$
40. Patrocinador: BrasilTelecom.
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