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Feira de Frankfurt tem edição "econômica"
Mais enxuto depois da crise, evento mantém a corrida pelos best-sellers
Diários de Mandela e "graphic novel" de Michael Jackson com o filho de Deepak Chopra estão entre obras mais disputadas
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
Por mais que os organizadores tentem aparentar normalidade, é senso comum que a 61ª
Feira do Livro de Frankfurt, o
maior evento editorial do mundo, está mais econômica e modesta por conta dos efeitos da
crise. As delegações internacionais estão enxutas, a oferta de
títulos para editores diminuiu e
o circuito "social" encolheu.
Os dados oficiais indicam retração modesta. O número total de exibidores praticamente
se manteve (7.314 em 2009,
contra 7.373 em 2008), com o
mesmo número de países participantes (cem). Mas as cifras
não refletem o dia a dia dos negócios entre editoras, agentes e
escritores. É voz corrente que a
cautela dá o tom dos negócios.
Isso se reflete também na
venda de títulos para editoras
brasileiras, ainda que o otimismo com a recuperação do mercado nacional seja bem maior
do que nos EUA e na Europa.
Segundo Roberto Feith, da
Objetiva, com a retração vão
sofrer mais os títulos "midlist",
aqueles que vendem bem, "mas
não o suficiente para fazer o
ano de uma editora". Para ele,
as editoras europeias tendem a
reduzir lançamentos. Luciana
Villas-Boas, diretora-editorial
da Record, concorda que os títulos intermediários serão os
mais afetados. Isso compreende obras de não ficção e literatura de qualidade.
Entre os best-sellers, no entanto, o mercado continua
aquecido. O "título da feira",
que está causando frisson em
Frankfurt, é a coletânea de diários, notas e cartas de Nelson
Mandela. Trata-se de uma edição, ainda em preparação, que
inclui toda a memória pessoal
do líder antiapartheid.
Michael Jackson
Outro título que está sendo
muito comentado é uma "graphic novel" (história em quadrinhos de luxo) de Michael
Jackson, que o astro pop teria
escrito com Gotham Chopra
(filho do autor de autoajuda
Deepak Chopra), com ilustrações de Mukesh Singh. Intitulado "Faith", teria como personagem um ícone pop chamado
Gabriel Star e deve ser lançado
nos EUA em junho de 2010.
Antes da feira, a editora portuguesa Leya, que acaba de estrear no Brasil, já havia comprado em leilão "The Shadow
Effect", de Deepak Chopra, por
US$ 100 mil. Para Paulo Rocco,
da editora Rocco, a disputa pelos best-sellers continua, ainda
que a média dos preços negociados tenha caído.
O livro de Mandela já provoca corrida entre editores brasileiros, que tiveram nos últimos
meses disputas ousadas por
best-sellers. O maior exemplo é
o leilão que movimentou as
editoras na semana passada, a
trilogia "A Discovery of Witches" (uma descoberta de feiticeiras), de Deborah Harkness,
que deve sair em 2011.
A Rocco venceu a disputa e
pagou cerca de US$ 165 mil pelos direitos de publicação do
primeiro volume. É uma cifra
elevada, mesmo comparando
com o US$ 1 milhão negociado
para o mercado americano. A
história: professora descobre
um manuscrito de alquimia, vira feiticeira e tem romance com
vampiro de 1.500 anos.
A Câmara Brasileira do Livro, que tem um stand em
Frankfurt, fechou com a feira
uma parceria para a realização
de um encontro internacional
em São Paulo, em março de
2010, para debater novas tecnologias. O evento será simultâneo ao 36º Encontro Nacional de Editores e Livreiros.
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