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Beija-Flor canta a simplicidade do "Rei"
Escola elege para 2011 samba-enredo do filho de Neguinho da Beija-Flor, que homenageia Roberto Carlos
Samba vencedor consegue não amontoar os versos do próprio Roberto Carlos; autor já havia perdido seis vezes
LUIZ FERNANDO VIANNA
DO RIO
Enquanto eram apresentados os três finalistas da disputa de sambas da Beija-Flor, na madrugada de ontem, também batucava uma
pergunta: como uma pessoa
de vida tão acidentada e
cheia de manias como Roberto Carlos pode ganhar um
enredo batizado de "A Simplicidade de um Rei"?
Se uma das ideias dos carnavalescos da escola de Nilópolis (Baixada Fluminense)
era ressaltar a capacidade de
Roberto de criar canções
complexas com elementos
simples, a escolha do vencedor foi totalmente acertada.
A composição, assinada
por JR Beija-Flor (filho de Neguinho da Beija-Flor, intérprete da agremiação desde
1976), Samir Trindade, Serginho Aguiar, Sidney de Pilares, Jorginho Moreira e Théo
M. Neto, tem uma bela curva
melódica que foge da mesmice dos sambas-enredo de hoje e consegue não ser um
amontoado de versos do homenageado.
Estão lá "como é grande o
meu amor por você", "vivendo esse momento lindo",
mas também há jogadas menos esperadas, como "... na
luz do rei menino/ Lá no meu
Cachoeiro" e "no festival a
primazia".
E tem "Chora, viola! Nas
veredas dos Sertões"? Pergunta-se a um dos compositores, para saber o que Guimarães Rosa tem a ver com o
cantor das rosas. Ele não sabe explicar. Consulta outro,
que fala de música sertaneja,
conquista do Brasil... Chama
um terceiro, que balança a
cabeça positivamente.
MAMÃE SACODE
Os vencedores estimam ter
gastado cerca de R$ 50 mil na
campanha, iniciada em
agosto com 54 participantes.
A conquista pode render
três vezes mais em direitos
autorais. Daí tantos panfletos, CDs, camisas e ônibus
para transportar torcedores.
Um dos times de autores
deu para a torcida aqueles
adereços de mão chamados
Mamãe Sacode, que funcionariam melhor se o enredo
fosse Ivete Sangalo. A turma
vitoriosa distribuiu rosas.
"Senti, desta vez, desde as
primeiras eliminatórias, que
a comunidade estava com o
samba. Trouxemos hoje mil
camisas e elas acabaram",
disse JR, na verdade Luis Antônio Feliciano Marcondes
Júnior, 28, que já perdera outras seis vezes e pôde agora
comemorar ao lado de um
emocionado pai.
Logo que o samba começou, dava para ver que ele
venceria. O poderoso diretor
de Carnaval da escola, Luiz
Fernando Carmo, o Laíla,
cantava junto -o que não fez
nos outros- e dizia ao mestre
de bateria, em outros termos,
para botar para ferver.
Roberto Carlos não foi à
quadra, mas é presença garantida no desfile, na segunda-feira de Carnaval, quando
poderá, segundo o refrão,
"botar pra fora a felicidade" e
"mostrar pro mundo essa
simplicidade".
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