São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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Beija-Flor canta a simplicidade do "Rei"

Escola elege para 2011 samba-enredo do filho de Neguinho da Beija-Flor, que homenageia Roberto Carlos

Samba vencedor consegue não amontoar os versos do próprio Roberto Carlos; autor já havia perdido seis vezes

LUIZ FERNANDO VIANNA
DO RIO

Enquanto eram apresentados os três finalistas da disputa de sambas da Beija-Flor, na madrugada de ontem, também batucava uma pergunta: como uma pessoa de vida tão acidentada e cheia de manias como Roberto Carlos pode ganhar um enredo batizado de "A Simplicidade de um Rei"?
Se uma das ideias dos carnavalescos da escola de Nilópolis (Baixada Fluminense) era ressaltar a capacidade de Roberto de criar canções complexas com elementos simples, a escolha do vencedor foi totalmente acertada.
A composição, assinada por JR Beija-Flor (filho de Neguinho da Beija-Flor, intérprete da agremiação desde 1976), Samir Trindade, Serginho Aguiar, Sidney de Pilares, Jorginho Moreira e Théo M. Neto, tem uma bela curva melódica que foge da mesmice dos sambas-enredo de hoje e consegue não ser um amontoado de versos do homenageado.
Estão lá "como é grande o meu amor por você", "vivendo esse momento lindo", mas também há jogadas menos esperadas, como "... na luz do rei menino/ Lá no meu Cachoeiro" e "no festival a primazia".
E tem "Chora, viola! Nas veredas dos Sertões"? Pergunta-se a um dos compositores, para saber o que Guimarães Rosa tem a ver com o cantor das rosas. Ele não sabe explicar. Consulta outro, que fala de música sertaneja, conquista do Brasil... Chama um terceiro, que balança a cabeça positivamente.

MAMÃE SACODE
Os vencedores estimam ter gastado cerca de R$ 50 mil na campanha, iniciada em agosto com 54 participantes.
A conquista pode render três vezes mais em direitos autorais. Daí tantos panfletos, CDs, camisas e ônibus para transportar torcedores.
Um dos times de autores deu para a torcida aqueles adereços de mão chamados Mamãe Sacode, que funcionariam melhor se o enredo fosse Ivete Sangalo. A turma vitoriosa distribuiu rosas.
"Senti, desta vez, desde as primeiras eliminatórias, que a comunidade estava com o samba. Trouxemos hoje mil camisas e elas acabaram", disse JR, na verdade Luis Antônio Feliciano Marcondes Júnior, 28, que já perdera outras seis vezes e pôde agora comemorar ao lado de um emocionado pai.
Logo que o samba começou, dava para ver que ele venceria. O poderoso diretor de Carnaval da escola, Luiz Fernando Carmo, o Laíla, cantava junto -o que não fez nos outros- e dizia ao mestre de bateria, em outros termos, para botar para ferver.
Roberto Carlos não foi à quadra, mas é presença garantida no desfile, na segunda-feira de Carnaval, quando poderá, segundo o refrão, "botar pra fora a felicidade" e "mostrar pro mundo essa simplicidade".


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