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Os novos vikings
Artistas de diferentes estilos, mas com alta sensibilidade, fazem da
Suécia um fervilhante pólo exportador de música pop contemporânea
Divulgação
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Os misteriosos irmãos Olof e Karin Dreijer, que formam o The Knife, um dos nomes mais elogiados da nova safra do pop sueco |
DAGOBERTO DONATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tradicional reduto de excelência pop -de Abba a Hives-,
a Suécia sempre deu ao mundo
artistas com talento especial
para burilar canções agradáveis
aos ouvidos e capazes de grudar
no cérebro. Nos últimos anos, o
país tem exportado uma impressionante geração de novas
bandas e músicos, atuantes nos
mais diversos segmentos da
música pop, da eletrônica ao
folk, passando pelo indie rock.
Artistas como José Gonzáles,
The Knife, Love Is All, I'm
From Barcelona e Peter, Bjorn
and John têm sido abraçados
internacionalmente por revistas descoladas, sites importantes e, é claro, blogs de MP3.
O Brasil vai ter a chance de
conhecer mais de perto um
pouco dessa movimentação
com a Invasão Sueca, turnê que
desembarca por aqui em dezembro, capitaneada pelo trovador Jens Lekman, um dos
personagens mais interessantes dessa nova safra.
Lekman chega ao país acompanhado pelo trio Hell on
Wheels e por Sarah Assbring,
que no palco atende pelo nome
El Perro Del Mar, para shows
em São Paulo, Rio de Janeiro e
Curitiba. Segundo os organizadores, a tour é um embrião de
um projeto que deve, no ano
que vem, trazer ainda mais artistas suecos ao Brasil.
Enquanto os invasores não
chegam, há tempo para se preparar para o ataque conhecendo alguns dos principais nomes
da geração atual do pop sueco.
O cantor José Gonzáles, filho
de pais argentinos, é o mais popular deles. Soa como um parente escandinavo do freak folk
americano, equilibrando em
partes iguais influências de
João Gilberto e Nick Drake.
Chegou ao top 10 da parada
britânica por conta de uma versão de "Heartbeats", dos conterrâneos The Knife, trilha de
um comercial de televisores.
Nos EUA, "Crosses", outra canção de "Veneer", primeiro disco
de Gonzáles, acompanhou o
encerramento da temporada
2005 do seriado "The O.C.".
Quem ouve a "Heartbeats"
de Gonzáles, um intimista "bedroom folk", mal pode imaginar que a versão original da
música seja um electro-pop arrasa quarteirão, faixa do álbum
"Deep Cuts", de 2003, do Knife.
Já "Silent Shout", lançado
neste ano na Europa, conduziu
a eletrônica sombria e inteligente dos misteriosos irmãos
Olof e Karin Dreijer (eles só
aparecem ao vivo vestindo
máscaras) a inúmeras resenhas
elogiosas e capas de revistas como a americana "XLR8R", que
descreveu o som do Knife como
"uma das mais intrigantes propostas do pós-tecno".
O hino sueco das pistas em
2006, entretanto, vem de um
trio com uma proposta muito
menos dançante que a do Knife. "Young Folks", a "música do
assobio", de Peter, Bjorn and
John, tem causado comoção
em festas rockers de São Paulo.
Calcada em um beat minimalista acompanhado de maracas
e congas, e no tal assobio que
gruda na cabeça à primeira audição, a música é o hit instantâneo de "Writer's Block", álbum
lançado neste ano no exterior.
Nele, a banda explora com
competência diferentes paisagens sonoras, de oceanos de
guitarras saturadas a ensolarados elementos de eletrônica.
Pop ensolarado é uma praia
em que o absurdo I'm From
Barcelona é mestre. Trata-se de
um coletivo de nada menos que
29 músicos, todos empenhados
em celebrar as alegrias da vida
por meio de uma música fofa.
"Let Me Introduce My
Friends", o CD de estréia, traz
um punhado de sorrisos embalados por violões, cordas, metais, banjos e uma infinidade de
instrumentos em músicas que
versam sobre amizade, coleções de selo e casas de árvore.
Em um espectro oposto, reside o indie raivoso do Love Is
All, mais uma sensação nórdica. O primeiro disco do quinteto, "Nine Times the Same
Song", mostra em dez ressentidas canções de amor que o grupo aprendeu tanto com a no
wave nova-iorquina quanto
com o art punk britânico, sem
nunca deixar de lado o apelo
pop. No atual momento da música sueca, ainda sobra espaço
para nomes como Suburban
Kids with Biblical Names, The
Legends, Dungen, Loney, Dear,
The Embassy, The Concretes.
A lista é grande, mas vale
uma checada. O bom é que, hoje
em dia, não é tão difícil encontrar alguns deles.
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