|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
"Dália Negra" se salva, apesar do livro que o inspirou
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se existe uma coisa indigesta
é a proximidade entre um filme
e o livro que o inspira. Se lemos
o livro primeiro (sendo um
bom livro), o filme parece carecer de profundidade, de detalhes que fazem o encanto dos
personagens e da trama.
Quando, ao contrário, vemos
o filme antes, só conseguimos
imaginar personagens e cenários a partir do que vimos. Em
todo caso, eu fiz questão de ler o
livro de James Ellroy que inspirou "Dália Negra" (Telecine
Premium, 2h35) para saber se
o diabo era tão feio quanto pintavam (isto é, o filme tão inferior ao livro).
Pareceu-me, ao contrário,
que o filme se salva apesar do
livro, prolixo ao extremo. A
condensação da história buscou o principal da trama. E
acrescenta-lhe algo que só a
imagem do cinema pode desenvolver plenamente: a árdua
batalha para chegar à verdade
num mundo feito de aparências. Em vez de nos perdermos
nos infinitos detalhes de
Ellroy, é no universo das imagens falsas que nos debatemos.
Texto Anterior: Série: "Friday Night..." volta em busca de técnico Próximo Texto: Resumo das novelas Índice
|