|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Massive Attack toca em SP, mas não em Israel
Banda retoma viés político, com embargo em protesto contra conflito árabe-israelense
FERNANDA MENA
EDITORA DO FOLHATEEN
Passados 12 anos desde a
primeira apresentação no
país, o Massive Attack sobe
hoje ao palco do HSBC Brasil
para o show da turnê de "Heligoland", álbum lançado em
2010, depois de um hiato de
sete anos desde "100th Window" (2003).
O disco marca a reunião de
Daddy G (Grant Marshall) e
3D (Robert Del Naja), dois
dos integrantes originais do
grupo, que passou por muitas formações e projetou um
novo gênero musical na virada dos anos 1980 para os
1990: o trip-hop (mistura de
hip-hop e eletrônica com
efeitos hipnóticos e vocais
climáticos) que veio à tona
com o lançamento do álbum
"Blue Lines" (1991).
O reencontro da dupla,
após uma série de desentendimentos, se deu sob a produção conciliadora de Damon Albarn (Blur, Gorillaz).
"Do ponto de vista pessoal,
"Heligoland" foi um desafio",
confessa 3D à Folha, por telefone, de Londres.
"Se eu fosse levar tudo a
ferro e fogo, brigaria com
Daddy G o tempo todo. Nós
nos juntamos no estúdio do
Damon [Albarn], e abri mão
de uma certa complexidade
musical para tornar as canções mais importantes do
que a música", filosofa.
O resultado, segundo 3D,
são canções mais "orgânicas", que contaram com vocais de Horace Andy e Martina Topley-Bird, além de convidados como Hope Sandoval, Tunde Adebimpe (TV on
the Radio), Guy Garvey (Elbow) e o produtor Tim Goldsworthy (DFA).
DESIGN DE ILUMINAÇÃO
Ao palco, subirão hoje dez
músicos e uma parafernália
de iluminação em LED, fruto
de sete anos de pesquisa de
3D com a United Visual Arts.
"Quis adicionar mensagens às músicas do show. É
como se você pudesse visualizar o que escuta", explica.
"Foi essa pesquisa que me
afastou das artes plásticas,
suprindo meu lado artista
com design de iluminação."
Antes de emergir na cena
musical de Bristol com o coletivo Wild Bunch, 3D era um
célebre grafiteiro. Banksy, o
artista de rua anônimo mais
pop do mundo, sempre o cita
como sua maior influência.
"Banksy é o grande culpado por eu ter voltado a pintar
recentemente", brinca. "Somos bons amigos, mas não
me venha querer saber a real
identidade dele, por favor!"
Ok.
Além do retorno às artes,
3D tem empurrado o Massive
Attack para um retorno às
causas políticas. Após uma
tentativa frustrada de mobilizar artistas contra a guerra
do Iraque, em 2003, o duo
abraçou um embargo cultural a Israel, de que fazem parte Pixies e Elvis Costello.
"É frustrante ser britânico
e ver que meu país não faz
pressão política alguma em
relação ao conflito entre israelenses e palestinos. Fiz o
que estava ao meu alcance:
cancelei nossos shows em Israel. Por enquanto, não toco
mais por lá."
Massive Attack, em tradução livre, quer dizer ataque
pesado. Por isso, durante a
primeira Guerra do Golfo
(1991), a gravadora do grupo
queria que o nome fosse mudado para Massive, evitando
confusões. A maldição continua: hoje, no Google, ao digitar "Massive Attack" e "Israel", surgem links sobre o
boicote cultural lado a lado
com notícias sobre ataques
pesados na Faixa de Gaza.
MASSIVE ATTACK
QUANDO hoje, às 22h
ONDE HSBC Brasil (r. Bragança
Paulista, 1.281; tel. 0/xx/11/
4003-1212)
QUANTO de R$ 60 a R$ 300
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
Texto Anterior: Opinião: Banda é da geração que tenta manter a juventude eterna Próximo Texto: João Pereira Coutinho: Contra a tortura Índice | Comunicar Erros
|