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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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Prado em Minas

Divulgação
A pça. Sete, marco zero de Belo Horizonte, retratada por Miguelanxo Prado em livro dedicado à capital mineira


Quadrinista galego captura a "relação quase trágica" entre passado e futuro urbanos de Belo Horizonte

ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Doze anos depois de ter sido formalmente apresentado ao público brasileiro com o álbum "Mundo Cão" (publicado na série Graphic Novel, da Abril, em 1991), o artista galego Miguelanxo Prado presenteia o país com outra obra-prima. Convidado pela editora Casa 21 para participar da série "Cidades Ilustradas", o autor nascido em La Coruña, na Espanha, captura a capital de Minas Gerais em quarenta quadros em que sua veia urbanística dialoga com fluência e intensidade com a luz viva de seus quadrinhos.
Em "Belo Horizonte", Prado assume a personalidade de um europeu aspirante a traficante de jóias que visita a capital mineira em busca de um pouco de vida real e pedras coloridas. Uma desculpa casual para o quadrinista enquadrar as largas avenidas, o céu amplo e o contraste urbano entre prédios do fim do século 19 e espigões pré-século 21. "Para mim, o mais importante foi retratar a relação quase trágica da convivência dos restos da cidade da fundação e a Belo Horizonte que adora o futuro", explica por e-mail, em português e galego.
"Em 1999, fui convidado para participar do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), em BH", conta Prado. "Foi quando o pessoal da Casa 21 me falou da série de livros que estavam preparando, os Cadernos de Viagem, e conversamos sobre a hipótese de eu fazer um deles. Quando finalmente me propuseram para que eu fizesse "Belo Horizonte", aceitei feliz. Achei os mineiros um povo muito aberto, hospitaleiro... e têm uma cozinha deliciosa!"
"Poderia ter rejeitado ou proposto outra opção, mas escolhi Belo Horizonte, que me foi oferecida pelo pessoal da Casa 21", lembra. "Não sabia absolutamente nada sobre a cidade antes da minha primeira visita ao FIQ. Os dados que eu recebera falavam em uma cidade fundada no final do século 19, capital de Minas Gerais. Você pode imaginar a surpresa quando descobri que se tratava de uma metrópole com mais de 2 milhões de habitantes."
"Não conhecia o Brasil antes de ir ao FIQ", continua. "Depois, fiz uma segunda viagem, em 2001, em que passei mais tempo para conhecer melhor a cidade. Conheci também o Rio, numa curta viagem de um dia e meio. A cidade é espetacular. Também conheci Ouro Preto e adorei". Se não conhecia o país, conhecia a cultura: "Da cultura brasileira, temo conhecer o mais "estándar'", aportuguesa. "A música, que sempre gostei, Oscar Niemeyer, os profetas de Aleijadinho, a Amazônia, o Carnaval do Rio, a paixão pelo futebol, as favelas... O que, mais ou menos, todo mundo conhece. Agora conheço um pouco mais..."
Entre os músicos, cita Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Djavan, "e um longo etcétera, incluindo Heitor Villa-Lobos". A política também o deixa curioso: "Tenho interesse em ver o que acontece no governo Lula".

BELO HORIZONTE. Volume da coleção Cidades Ilustradas, por Miguelanxo Prado. Lançamento: Casa 21. Quanto: R$ 65 (R$ 50 se comprado no site www.quadrinho.com/cidadesilustradas até o final do ano). 92 págs.


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