São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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"Não quero parecer caída nem enganar"

Aos 66, Betty Faria aparece de lingerie sensual ao lado de um galã 39 anos mais novo, na novela "Duas Caras", e não faz feio

A atriz fala sobre aparência, solidão na terceira idade e confessa ter se arrependido de deixar o papel de Viúva Porcina para Regina Duarte

Luciana Whitaker/Folha Imagem
Betty Faria, 66, que interpreta Bárbara em "Duas Caras', em sua cobertura no Leblon, no Rio


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 66 anos, Betty Faria está com corpinho de fazer inveja a muita mocinha por aí. Em "Duas Caras", da Globo, sua personagem usa vestidos justos e aparece de lingerie ao lado do vilão interpretado por Rodrigo Hilbert, 39 anos mais novo. Com seus 1,66 m de altura e 58 kg, não fez feio, apesar das câmeras de alta definição, que deixam mais evidentes rugas e outras imperfeições.
Agora que virou blogueira, Betty recebe elogios de fãs e compartilha receitas da boa forma. Nesta entrevista por e-mail, a atriz fala de aparência, da novela, do filme inédito "Chega de Saudade" e confessa ter se arrependido de deixar o papel de Viúva Porcina, que seria seu, para Regina Duarte.  

FOLHA - Aos 66, você está com um corpinho de dar inveja às gostosonas do momento...
BETTY FARIA
- Obrigada, mas inveja às gostosonas é um engano imenso. Uma mulher em minha idade, com boa forma mantida por anos e anos de balé clássico, tem a forma, mas não o tônus, e não existe realmente essa preocupação. Existe sim vontade de ter o corpo preparado para qualquer tipo de personagem. É mais fácil estragar do que consertar, concorda? E também tenho vaidade, que não tem nada a ver com problema de idade, e prazer imenso em me vestir de acordo com meu tempo. E, quando a roupa cai bem, fica mais fácil.

FOLHA - Como mantém a forma?
BETTY
- Sempre fiz balé clássico, moderno e, atualmente, por ter muitas lesões de bailarina e pouco tempo para academias, tenho um personal trainer no mínimo três vezes por semana. Quanto à dieta, é o seguinte: detesto engordar e, quando ganho aqueles três quilos que as mulheres detestam, vou à nutricionista, que também é uma forma de se manter saudável.

FOLHA - Como se sente em cenas mais ousadas de "Duas Caras", em que aparece de lingerie, como a que teve na cama com Rodrigo Hilbert?
BETTY
- Wolf Maia [diretor] teve bastante cuidado e bom gosto para não ter vulgaridade. O resultado foi bom, e eu confiei.

FOLHA - A TV digital preocupa atrizes por tornar rugas mais aparentes.
BETTY
- É claro que, se eu puder fotografar bem, como mulher normal, fico contente. Mas não vai aí nenhuma neurose. Uso pouco make up [maquiagem]. Acho desagradável aquela máscara. Não quero parecer caída, nem enganar o público.

FOLHA - Quantas plásticas já fez?
BETTY
- Fiz um lifting alguns anos atrás e no momento estou me sentindo muito bem com o rosto que tenho. Isso não quer dizer que seja definitiva minha opinião. Na época em que fiz esse lifting, que o doutor Ivo Pitanguy chama de refrescamento, estava me sentindo mal com minha aparência, e me fez muito bem. Ajuda na auto-estima.

FOLHA - Seu site registra que fez dois filmes de Jece Valadão ("A Lei do Cão" e "Sete Faces de um Cafajeste"), "ambos não exatamente espetaculares", por dinheiro. Conta também que começou na TV porque precisava de dinheiro. Ainda faz televisão por essa razão?
BETTY
- Você gosta de trabalhar de graça? Algumas vezes fiz isso, mas adoro receber pelo meu trabalho. Sempre fui assim, independente, sem pensão de marido [é ex-mulher do ator Cláudio Marzo e do diretor Daniel Filho], criando meus filhos e sustentáculo de uma família. Agora, o prazer que tenho em atuar não tem preço.

FOLHA - Arrependeu-se de não ter topado ser a Viúva Porcina quando a novela pôde ir ao ar [Betty iria fazer personagem numa versão anterior, censurada pelo governo militar]?
BETTY
- Teve um momento, em que estava fazendo produção executiva para Nelson Pereira dos Santos no sertão baiano, que me arrependi sim.

FOLHA - É curioso que Porcina tenha marcado a carreira da namoradinha do Brasil e não da namoradeira do Brasil... O que acha, aliás, de ter essa fama de namoradeira?
BETTY
- Não sabia dessa fama, acho engraçada! É a primeira vez que alguém me fala isso.

FOLHA - Li que você agora prega que o melhor é ter vários namorados ao mesmo tempo.
BETTY
- Uma coisa que a maturidade me ensinou foi a não falar de minhas intimidades. Não gosto mesmo. Acho desperdício de espaço na mídia.

FOLHA - No filme "Chega de Saudade", sua personagem reluta, mas acaba concordando em pagar para ter um parceiro na pista. Isso traz para você uma sensação de solidão ligada à terceira idade. É algo que você teme?
BETTY
- Adorei esse personagem exatamente por esse medo da solidão que aflige tantas pessoas. Não tenho isso pois sou um ser solitário. Sou filha única e adoro minha casa, meus filmes, meus livros. Quando quero, recebo amigos de fé.


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