São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O novo King

Canal CNN aposta em ex-jurado de programa britânico de calouros , Piers Morgan, para substituir o jornalista Larry King em programa e aumentar audiência ; novo apresentador promete investir em celebridades e no choro dos entrevistados, a partir de janeiro

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Depois de 25 anos no ar, Larry King se despede hoje de seu programa de entrevistas na CNN. No lugar dele entra Piers Morgan, inglês de 45 anos que não é conhecido pelas qualidades como jornalista, mas por estar entre os jurados do programa de calouros que descobriu Susan Boyle, o "Britain's Got Talent".
"Quando fizerem meu obituário, vão mostrar essa imagem. Graças ao YouTube, é um dos vídeos mais vistos no mundo", disse Morgan à Folha, em Londres.
Ele, claro, espera mudar isso com o programa, que estreia em janeiro. Vai contar com o público da CNN Internacional, que vem perdendo telespectadores, mas ainda está em 285 milhões de lares.
"Tenho que aumentar a audiência. Não vai adiantar fazer as melhores entrevistas e não ser visto por ninguém. Eles me mandam embora."
King, que atingiu o recorde de 20 milhões de telespectadores nos EUA em 1993, se despede na casa dos 700 mil.
Morgan aposta em fugir da politicagem. "Eu sei que estou indo para um país ideologicamente dividido. Há a direita, representada pela Fox News, e a esquerda, pela MSNBC. Essa divisão é um dos fatores para a queda de audiência do Larry King."
Ele desconversa quando questionado de que lado está. "Não é importante o que penso politicamente. Tenho minhas convicções, mas não vou dizê-las na TV. Nem posso votar nos EUA."
Morgan aposta também em outras coisas: celebridades e em conseguir o que quase sempre consegue em seu programa na TV britânica ("Life Stories"): fazer o entrevistado chorar.
O novo programa terá vários formatos. "Ao menos uma vez por semana, vou fazer uma entrevista pré-gravada, com plateia. Acho que ajuda a quebrar a rotina."
Usará suspensórios, a marca registrada de King? "Não. Mas vou variar. Se o entrevistador for uma figura séria, estarei de gravata. Com alguém mais descontraído, posso até ir de short."

DE FRENTE COM MORGAN
Ele não quis revelar quem será o primeiro entrevistado. Mas faz uma lista de preferências. "Claro que quero falar com Barack Obama. Mas acho que valeria entrevistar Mel Gibson, que estava no pico e muitos hoje acreditam que sua carreira acabou. Também queria falar com Jack Nicholson. É autêntico. Em época de botox e plásticas, aparece todo verão na Europa com barriga de cerveja e rodeado de mulheres."
Na hora de dizer quem não quer entrevistar, escolhe um nome que, sabe, causará polêmica: Madonna. "É chata. Diz que os filhos não podem ver TV, só comer comida saudável. É o tipo de celebridade que reclama do assédio da mídia, mas lucra com ele."
Ele, ao contrário, não reclama do assédio. Quer toda atenção e exposição que puder. O lucro, espera, será audiência e manutenção do novo salário. "Não vou dizer qual é, mas o valor e o tempo de contrato me deixam tranquilo para comprar um bom apartamento em Nova York."


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Raio-X: Piers Morgan
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.