JOÃO DO RIO

Na Rotisserie, a hora do jantar, no movimento febril que ao estabelecimento dá o alojamento oficial da embaixada uruguaia, tenho a ilusão de estar numa festa no Rio. Uma porção de encantadoras e de encantadores. É a Sra. Gina de Araújo Regis; Isar Latiff Paes Leme, e a Sra. Hugo Leal. E são o Sr. João Borges, o Sr. Meira Penna, o Sr. Antonio Pinheiro Machado, o ministro Raul Regis, uma porção de cariocas, uma segunda embaixada -a do Clube dos Diários.
-Vieram para o baile? Indago da ilustre Sra. Meira Penna.
-Não. Viemos fugindo do calor do Rio.
Realmente. Deixamos o Rio com um calor de chaleira. São Paulo, no sagrado planalto, acolheu-nos com a carícia da bruma e uma deliciosa temperatura de 16ºC.
A noite daqui é esplendorosa. Os homens enfiam o paletó e calçam luvas. Faz realmente frio. O diplomata Pessoa de Queiroz, que é do norte, só se encontra bem aquecido no fardão de 2º secretário. E todos sentem-se bem nesse ar frio que revigora e dá saúde.
Quantos vão à São Paulo pela primeira vez têm uma grande impressão -a impressão da capital de uma república diversíssima do resto do Brasil. Pensarão os uruguaios assim? Converso com Juan Buero, o jovem de rútila inteligência, leader da maioria na Câmara dos Deputados do Uruguai.
-Como é possível, diz-me ele, a doze horas de viagem do Rio, um povo tão diverso? Qual a minha impressão? Mas em tudo a de um povo constituído, organizado, feito. (...) Quem venha da Europa terá na construção das casas, na ordem, na disciplina, na atitude dos habitantes, um ar de cidade européia, encravada na América. (...). Por onde tenho andado, só impressões esplêndidas que se fundem num único louvor. E que clima! (...)