Em entrevista à Folha, escritora Stephenie Meyer fala da paixão obsessiva de personagens no 3º livro da série "Crepúsculo'

"Quis escrever sobre um amor idealizado", diz autora sobre novo livro, em que a mocinha fica dividida entre vampiro e lobisomem

FRINI GEORGAKOPOULOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Terceiro volume da série "Crepúsculo", de Stephenie Meyer, "Eclipse" acaba de chegar ao Brasil com 300 mil exemplares. O número -cem vezes a média de 3.000 cópias dos lançamentos no mercado brasileiro- reflete a euforia da editora Intrínseca com o sucesso dos títulos anteriores, "Crepúsculo" e "Lua Nova", que venderam 216 mil e 140 mil livros, respectivamente.
Tido como o preferido dos leitores da saga, "Eclipse" introduz na trama um triângulo amoroso entre a jovem mortal Bella, seu namorado vampiro, Edward, e Jacob, um lobisomem, melhor amigo da moça. O triângulo dividiu os "twilighters" (fãs da série) entre "time Edward" e "time Jacob". O enredo traz Bella em confronto com sua escolha de se tornar vampira para poder ficar para sempre ao lado de Edward. Conforme a data para sua transformação se aproxima, ela teme o que está por vir. E é esse receio que Jacob usa para tentar conquistá-la, pois, ao seu lado, Bella não teria que mudar.
Já Edward se sente culpado por ter deixado Bella, em "Lua Nova", e não poupa cuidados, o que inclui proibi-la de ver Jacob. Segundo o vampiro, não se trata de ciúmes: lobisomens inexperientes são instáveis e podem machucá-la. Edward chega a sabotar a caminhonete de Bella para evitar que ela vá à casa do lobisomem, o que fez fãs e críticos reclamarem do amor obsessivo entre os dois. Em entrevista à Folha, Stephenie Meyer diz que nunca tinha visto seus personagens como "obsessivos": "Quis escrever sobre um amor idealizado e sinto dizer que a história de amor deles é tão fictícia quanto a ideia de vampiros. Nada é real, e não deve ser visto como tal. Também acho que essa "obsessão" é mútua. Então, na minha cabeça, está tudo bem, porque é equilibrado", diz, rindo.

Sucesso
"Eclipse" desbancou "Harry Potter e as Relíquias da Morte"- sétimo e último livro da saga de JK Rowling- da lista de mais vendidos do "New York Times", quando lançado nos EUA, em 2007, o que fez a imprensa comparar a autora americana à britânica, e os fãs de ambas entrarem em conflito.
"Vejo a comparação como um elogio, mas me aborrece quando pessoas acham que fui eu quem criou isso. E acho besteira esse desentendimento que os fãs têm sobre qual o melhor livro. Por que as pessoas não podem gostar de ambos, diferentes como eles são?" Enquanto Potter fica na Inglaterra, "Crepúsculo" se passa em Forks, chuvosa cidadezinha norte-americana. Ao longo da trama, os personagens viajam bastante, inclusive para o Rio de Janeiro. Em "Lua Nova", Edward segue uma falsa pista do paradeiro de Victoria, vilã do início da série, até a cidade.
"Minha cunhada morou em São Paulo, mas viajou para o Rio e me contou bastante sobre o lugar. Infelizmente, nunca estive lá. O Rio é ensolarado demais para os meus vampiros saírem durante o dia, mas, em "Amanhecer" [quarto livro da saga], encaixou-se com o que eu queria na história", diz Meyer. A autora avisa aos fãs brasileiros que o roteiro de "Lua Nova", o filme, ainda não está pronto, portanto não sabe se o Rio aparecerá. Ela confirma a volta de Kristen Stewart e Robert Pattinson (que fazem Bella e Edward). E a participação de Taylor Lautner, que viveu Jacob no primeiro longa.
"Decidimos manter Taylor como Jacob. Chris [Weitz, diretor do segundo filme] fez um teste de vídeo com ele e afirmou que conseguiria extrair dele a performance necessária", diz Meyer. Além do trabalho cênico, Taylor já começou a ganhar músculos para viver a fase de transformação de seu personagem, que se torna mais alto e forte durante o desenrolar da trama. "Lua Nova" estreia nos EUA no final do ano.