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DEBATE
Líder indígena do Amazonas falou na Folha anteontem
Tribo ticuna usa cartilhas para se preservar culturalmente
da Reportagem Local
Cerca de 30 pessoas participaram,
anteontem à noite,
do debate que se seguiu à exibição do
vídeo "Uma Assembléia Ticuna", de Bruno Pacheco de Oliveira. O documentário, realizado em Alto Solimões,
no Amazonas, mostra a organização política dos ticunas -a maior
tribo do Brasil, com 32 mil índios.
O evento aconteceu no auditório da Folha e, além do diretor do
vídeo, falaram ao público o principal líder dos índios ticunas, Pedro Inácio Pinheiro, e o antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, do Museu Nacional do Rio e
professor de etnologia da UFRJ.
Oliveira Filho iniciou o debate
apresentando um pouco da história da tribo. "A década de 80 ficou
marcada para os ticunas com
atentados, prisões, ameaças de
morte e massacres", afirmou.
"Hoje, vemos a entrada de igrejas e da tentativa de obtenção dos
recursos naturais da região."
Respondendo a perguntas da
platéia, o líder indígena Pedro
Inácio contou que um dos trabalhos de preservação cultural da
tribo é escrever cartilhas ensinando como construir casas, fazer fogo sem fósforo ou caçar e pescar.
Ele contou ainda a origem ticuna, segundo a lenda: "Somos um
povo pescado dentro d'água e
transformado em gente".
Já o diretor Bruno Pacheco explicou a diferença de entrevistar
brancos e índios. "Sempre pergunto, ao final, se o entrevistado
tem algo mais a dizer. O branco
nunca tem. Os ticunas tinham
sempre dois ou três assuntos e,
minutos depois, ainda voltavam
com mais considerações."
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