São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2000


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DEBATE
Líder indígena do Amazonas falou na Folha anteontem
Tribo ticuna usa cartilhas para se preservar culturalmente


da Reportagem Local


Cerca de 30 pessoas participaram, anteontem à noite, do debate que se seguiu à exibição do vídeo "Uma Assembléia Ticuna", de Bruno Pacheco de Oliveira. O documentário, realizado em Alto Solimões, no Amazonas, mostra a organização política dos ticunas -a maior tribo do Brasil, com 32 mil índios.
O evento aconteceu no auditório da Folha e, além do diretor do vídeo, falaram ao público o principal líder dos índios ticunas, Pedro Inácio Pinheiro, e o antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, do Museu Nacional do Rio e professor de etnologia da UFRJ.
Oliveira Filho iniciou o debate apresentando um pouco da história da tribo. "A década de 80 ficou marcada para os ticunas com atentados, prisões, ameaças de morte e massacres", afirmou.
"Hoje, vemos a entrada de igrejas e da tentativa de obtenção dos recursos naturais da região."
Respondendo a perguntas da platéia, o líder indígena Pedro Inácio contou que um dos trabalhos de preservação cultural da tribo é escrever cartilhas ensinando como construir casas, fazer fogo sem fósforo ou caçar e pescar.
Ele contou ainda a origem ticuna, segundo a lenda: "Somos um povo pescado dentro d'água e transformado em gente".
Já o diretor Bruno Pacheco explicou a diferença de entrevistar brancos e índios. "Sempre pergunto, ao final, se o entrevistado tem algo mais a dizer. O branco nunca tem. Os ticunas tinham sempre dois ou três assuntos e, minutos depois, ainda voltavam com mais considerações."


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