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Crítica
Complexidade feminina move "Pacto de Sangue"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Uma mulher quer se livrar do
marido, mas não quer sair da
história sem uma recompensa.
Um apaixonado agente de seguros providencia as duas coisas: uma apólice para o marido
e, depois, o crime.
A questão mais intrigante em
"Pacto de Sangue" (TC Cult,
20h; não indicado para menores de 12 anos) é essa: será que
Barbara Stanwyck ama mesmo
Fred MacMurray ou vê nele
apenas um meio para chegar a
seus fins? Sua insatisfação é exclusivamente com o marido ou
com a vida em geral? De quem
ela quer uma revanche, afinal?
Ou seja, a mulher é complexa
e o homem é simples, neste
tenso policial de Billy Wilder.
Talvez esse seja, aliás, o real
assunto do filme, essa bruma
feminina à qual o homem não
sabe como se contrapor.
Ou antes, só pode se contrapor pelo alheamento -é o caso
de Edward G. Robinson no filme: o detetive da seguradora,
dotado de uma calma e uma
precisão irritantes. Irritantes
porque nós torcemos, é claro,
pelo frágil criminoso e sua torturada sócia.
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