São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011 |
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na natureza SELVAGEM Baseado em saga real, Danny Boyle cria experiência forte e masoquista em "127 Horas"
ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA "127 Horas" tinha tudo para dar errado: é uma história de suspense com um final absolutamente óbvio. O filme que estreia amanhã conta a saga real de Aron Ralston (James Franco), um alpinista que cai num buraco numa região montanhosa de Utah e fica com a mão presa numa pedra. Não é preciso dizer mais. Todo mundo sabe como essa história termina. E o final não é agradável. Há relatos de desmaios e choros compulsivos nas sessões (eu mesmo presenciei um). "127 Horas" é, no mínimo, uma experiência forte. O filme tem, basicamente, um ator e uma locação. Que consiga prender a atenção do espectador por 94 minutos como um bom thriller é prova da competência do diretor Danny Boyle e de uma atuação visceral de James Franco. O filme tem dois estilos visuais: na primeira parte, quando Ralston passeia pelos cânions, as imagens são amplas e ensolaradas; parece um belo filme de natureza. Depois do acidente, o diretor passa a se concentrar em detalhes. São os detalhes, afinal, que podem garantir a sobrevivência de Ralston. Conseguirá ele pegar o canivete que caiu no chão, aparentemente longe de seu alcance? A água será suficiente para sobreviver? Como se protegerá do frio à noite? Boyle, ao contrário de Ralston, tem todo o tempo do mundo. E a agonia de Ralston, a percepção de que sua situação é mais complicada do que parece, e seus esforços para manter-se vivo são mostrados num ritmo crescente de tensão que chega ao clímax numa cena inesquecível e impactante. "127 Horas" é, no fundo, uma experiência masoquista. Sabemos o que nos espera e, mesmo cientes dos perigos, continuamos. Não seria o mesmo princípio dos aventureiros como Ralston? 127 Horas DIREÇÃO Danny Boyle PRODUÇÃO EUA, 2010 COM James Franco ONDE estreia amanhã nos cines Bristol, Frei Caneca, Kinoplex Itaim e circuito CLASSIFICAÇÃO 16 anos AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: "Tinha de ser desconfortável", diz Boyle Índice | Comunicar Erros |
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