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MÚSICA
Cantor e guitarrista norte-americano faz show hoje no estádio do Pacaembu; ao vivo, canções têm versões mais pesadas
SP recebe fórmulas pop de Lenny Kravitz
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
O clima é de Menudomania. Na
platéia, adolescentes histéricas.
No palco, um sex symbol. Este foi
o clima do show de Lenny Kravitz
no Estádio Nacional de Santiago,
na quarta-feira da semana passada, e este será, provavelmente, o
clima do show de Lenny Kravitz
no estádio do Pacaembu, em São
Paulo, hoje, às 21h.
A gritaria é quase incessante.
Não pára durante as baladas,
quando Kravitz faz caras e bocas,
não pára nos rocks mais pesados,
quando o cantor empunha a guitarra em direção ao público.
"Obrigado, Senhor, por nos
proporcionar esta noite tão maravilhosa" e "nunca me esquecerei
de hoje" são algumas das poucas
palavras ditas pelo cantor durante
a apresentação, sua primeira na
América do Sul, presenciada por
37 mil pagantes.
As músicas que Kravitz tocará
no show do Pacaembu devem ser
pouco ou nada diferentes das que
ele mostrou em Santiago, em quase duas horas no palco. Abre com
"Minister of Rock 'N Roll", do último disco, "Baptism" (2004). O
álbum, talvez o mais fraco entre
os seus sete, aparece poucas vezes
("Calling All Angels", "Where Are
We Runnin'?" e "Lady").
O que Kravitz sabiamente toca é
o que o público quer ouvir. Logo
de início tasca "Let Love Rule", de
seu primeiro disco, homônimo
(89). Quem for ao Pacaembu cantará a balada "It Ain't Over Till It's
Over", fará coro em "Fly Away" e
pulará com "Are You Gonna Go
My Way", que encerrou a apresentação de Santiago.
Enquanto no estúdio ele busca
confessadamente inspiração no
funk, no jazz e na soul music, ao
vivo o cantor pende muito mais
para o rock, acentuando a intensidade da guitarra e da bateria em
canções como "Dig In", "Mr. Cab
Driver", "American Woman" e
"Always on the Run". Soa menos
pasteurizado e diluído.
Kravitz sabe como se comportar num palco e levar o público.
Rebola, faz caretas, faz passinhos
de dança, corre, faz a platéia levantar os braços... Segue à risca o
manual do popstar.
Seu visual, assim como sua música, é retrô. Usa blusa preta colada, assim como a calça, com detalhes nas mangas. Um lenço vermelho faz as vezes de gravata;
quase não tira os óculos escuros.
Os músicos que o acompanham
seguem a linha; quem destoa é a
boa baterista Cindy Blackman,
com seus cabelos afro e trajando
apenas um biquíni.
O sistema de som -"que não é
tão bom quanto o que será usado
em São Paulo", afirma o produtor
do evento, Rafael Reisman- é
potente, alto, nítido, não soa
"abafado" como costuma acontecer em shows em estádios. O jogo
de luzes é eficiente e bonito, brincando bastante em tons azuis e
vermelhos, sem ser exagerado.
É um show competente, profissional, recheado de hits. Lenny
Kravitz não vai converter ninguém que já não seja fã, mas também não perderá seu público fiel.
O repórter Thiago Ney viajou a convite
da organização do evento
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