São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Cantor e guitarrista norte-americano faz show hoje no estádio do Pacaembu; ao vivo, canções têm versões mais pesadas

SP recebe fórmulas pop de Lenny Kravitz

THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

O clima é de Menudomania. Na platéia, adolescentes histéricas. No palco, um sex symbol. Este foi o clima do show de Lenny Kravitz no Estádio Nacional de Santiago, na quarta-feira da semana passada, e este será, provavelmente, o clima do show de Lenny Kravitz no estádio do Pacaembu, em São Paulo, hoje, às 21h.
A gritaria é quase incessante. Não pára durante as baladas, quando Kravitz faz caras e bocas, não pára nos rocks mais pesados, quando o cantor empunha a guitarra em direção ao público.
"Obrigado, Senhor, por nos proporcionar esta noite tão maravilhosa" e "nunca me esquecerei de hoje" são algumas das poucas palavras ditas pelo cantor durante a apresentação, sua primeira na América do Sul, presenciada por 37 mil pagantes.
As músicas que Kravitz tocará no show do Pacaembu devem ser pouco ou nada diferentes das que ele mostrou em Santiago, em quase duas horas no palco. Abre com "Minister of Rock 'N Roll", do último disco, "Baptism" (2004). O álbum, talvez o mais fraco entre os seus sete, aparece poucas vezes ("Calling All Angels", "Where Are We Runnin'?" e "Lady").
O que Kravitz sabiamente toca é o que o público quer ouvir. Logo de início tasca "Let Love Rule", de seu primeiro disco, homônimo (89). Quem for ao Pacaembu cantará a balada "It Ain't Over Till It's Over", fará coro em "Fly Away" e pulará com "Are You Gonna Go My Way", que encerrou a apresentação de Santiago.
Enquanto no estúdio ele busca confessadamente inspiração no funk, no jazz e na soul music, ao vivo o cantor pende muito mais para o rock, acentuando a intensidade da guitarra e da bateria em canções como "Dig In", "Mr. Cab Driver", "American Woman" e "Always on the Run". Soa menos pasteurizado e diluído.
Kravitz sabe como se comportar num palco e levar o público. Rebola, faz caretas, faz passinhos de dança, corre, faz a platéia levantar os braços... Segue à risca o manual do popstar.
Seu visual, assim como sua música, é retrô. Usa blusa preta colada, assim como a calça, com detalhes nas mangas. Um lenço vermelho faz as vezes de gravata; quase não tira os óculos escuros.
Os músicos que o acompanham seguem a linha; quem destoa é a boa baterista Cindy Blackman, com seus cabelos afro e trajando apenas um biquíni.
O sistema de som -"que não é tão bom quanto o que será usado em São Paulo", afirma o produtor do evento, Rafael Reisman- é potente, alto, nítido, não soa "abafado" como costuma acontecer em shows em estádios. O jogo de luzes é eficiente e bonito, brincando bastante em tons azuis e vermelhos, sem ser exagerado.
É um show competente, profissional, recheado de hits. Lenny Kravitz não vai converter ninguém que já não seja fã, mas também não perderá seu público fiel.


O repórter Thiago Ney viajou a convite da organização do evento

Texto Anterior: Dramas clássicos têm espaço no Fringe
Próximo Texto: Literatura/Crítica: "Don Giovanni" curva-se à anarquia de José Saramago
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.