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Crítica/"Ponto de Vista"
Filme tropeça na tentativa de ser inventivo
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Quem gosta de filmes de
ação prefere explosão a
invenção. Em tempos
recentes, porém, talvez cansada de reproduzir a fórmula de
efeitos especiais, Hollywood
resolveu inovar, com resultados quase sempre frustrantes.
Há pouco, foi a vez de "Next",
que jogava com as possibilidades da antecipação. Agora,
"Ponto de Vista" escolhe narrar
desde as várias perspectivas de
um mesmo acontecimento.
A manipulação do tempo nos
filmes de ação recentes passou
a sofrer a influência da mecânica de "24 Horas". Mas, enquanto na série a expansão cronológica atua como bomba-relógio,
nos filmes, a menor duração
traz a aceleração do ritmo e dos
eventos para garantir eficácia.
Ao tentar ser inventivo,
"Ponto de Vista" fracassa. O filme se passa em Salamanca, onde há um encontro sobre o terrorismo. Quando o presidente
dos EUA chega, um ataque
manda tudo pelos ares.
O ponto de partida, típico de
um thriller de ação, se desdobra
de um modo inspirado na estrutura do clássico "Rashomon", de Akira Kurosawa: um
mesmo fato narrado das perspectivas de vários personagens.
Mas qual o efeito da repetição de um clímax num filme de
ação? Depois de 40 minutos de
projeção, a única coisa que o espectador sente é falta de paciência, pois é obrigado a assistir à mesma cena oito (!) vezes.
Quando já não se agüenta mais
rever os tiros nas autoridades, a
bomba explodir sob o palanque
e as imagens de destruição, é
que o filme começa de fato.
É hora de acelerar o ritmo
com reviravoltas na trama, tiroteios e perseguições. O espectador pode, então, torcer
pelos mocinhos, ver os vilões se
darem mal, e a paz mundial ser
restabelecida. Nessa espera,
porém, vê que já é tarde demais.
PONTO DE VISTA
Produção: EUA, 2008
Direção: Pete Travis
Com: Forest Whitaker, Dennis
Quaid, Matthew Fox e outros
Onde: em cartaz no Bristol, Eldorado, Iguatemi e circuito
Avaliação: ruim
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