São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Crítica/"Ponto de Vista"

Filme tropeça na tentativa de ser inventivo

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Quem gosta de filmes de ação prefere explosão a invenção. Em tempos recentes, porém, talvez cansada de reproduzir a fórmula de efeitos especiais, Hollywood resolveu inovar, com resultados quase sempre frustrantes.
Há pouco, foi a vez de "Next", que jogava com as possibilidades da antecipação. Agora, "Ponto de Vista" escolhe narrar desde as várias perspectivas de um mesmo acontecimento.
A manipulação do tempo nos filmes de ação recentes passou a sofrer a influência da mecânica de "24 Horas". Mas, enquanto na série a expansão cronológica atua como bomba-relógio, nos filmes, a menor duração traz a aceleração do ritmo e dos eventos para garantir eficácia.
Ao tentar ser inventivo, "Ponto de Vista" fracassa. O filme se passa em Salamanca, onde há um encontro sobre o terrorismo. Quando o presidente dos EUA chega, um ataque manda tudo pelos ares.
O ponto de partida, típico de um thriller de ação, se desdobra de um modo inspirado na estrutura do clássico "Rashomon", de Akira Kurosawa: um mesmo fato narrado das perspectivas de vários personagens.
Mas qual o efeito da repetição de um clímax num filme de ação? Depois de 40 minutos de projeção, a única coisa que o espectador sente é falta de paciência, pois é obrigado a assistir à mesma cena oito (!) vezes.
Quando já não se agüenta mais rever os tiros nas autoridades, a bomba explodir sob o palanque e as imagens de destruição, é que o filme começa de fato.
É hora de acelerar o ritmo com reviravoltas na trama, tiroteios e perseguições. O espectador pode, então, torcer pelos mocinhos, ver os vilões se darem mal, e a paz mundial ser restabelecida. Nessa espera, porém, vê que já é tarde demais.


PONTO DE VISTA
Produção:
EUA, 2008
Direção: Pete Travis
Com: Forest Whitaker, Dennis Quaid, Matthew Fox e outros
Onde: em cartaz no Bristol, Eldorado, Iguatemi e circuito
Avaliação: ruim


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