São Paulo, terça, 17 de março de 1998

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Tim Maia é enterrado sob chuva e aplauso

da Sucursal do Rio

O corpo do cantor e compositor Tim Maia, 55, foi enterrado ontem às 12h no cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona norte do Rio), sob aplausos de fãs que gritavam seu nome e cantavam suas canções. Cerca de 500 pessoas compareceram ao cemitério.
Principal nome da soul music brasileira, Tim Maia, cujo nome de batismo era Sebastião Rodrigues Maia, morreu anteontem à tarde em consequência de choque séptico -infecção generalizada que provocou o colapso de vários órgãos e fez o coração parar.
Tim Maia estava internado havia uma semana no Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói (a 13 km do Rio). No domingo retrasado, passou mal durante uma apresentação na cidade e foi levado para o hospital, onde teve uma parada cardiorrespiratória.
Cerca de 3.000 pessoas foram ao velório, realizado no Teatro Municipal de Niterói, onde Tim Maia se apresentava quando passou mal. O cantor Erasmo Carlos, companheiro de Tim Maia no início de sua carreira, chorou muito. Roberto Carlos e Agnaldo Timóteo enviaram coroas de flores. "Valeu, Tim! A festa no céu agora vai ficar melhor", dizia a coroa enviada pelo grupo Barão Vermelho.
Os cantores Jorge Benjor, Luiz Melodia, Beth Carvalho, Rosemary e Sílvio César, além do produtor Almir Chediak, acompanharam o funeral junto com a secretária e mulher de Tim Maia, Adriana Silva, os três filhos, os irmãos e sobrinhos do cantor.
"Ele morreu trabalhando. Lutou pelos artistas e merece as homenagens", disse Benjor, amigo de Tim Maia desde o curso primário. "Era o nosso síndico. Foi um bom síndico", disse Beth Carvalho.
O caixão foi coberto com a bandeira do América, time carioca pelo qual Tim Maia torcia e cujo hino gravou. Quando o caixão baixou à sepultura, fãs, amigos e parentes jogaram pétalas coloridas.
Crianças órfãs do Lar de Narcisa, instituição que recebia doações de Tim Maia, levaram rosas brancas e cantaram "Primavera" e "Não Quero Dinheiro". O cantor também ajudava a família da garota Clara Silva, vítima de leucemia. "Ele era um anjo para nós", disse Viviane Silva, irmã da menina.
Mesmo com chuva, o assédio dos fãs foi tão grande que dificultou o acesso de parentes à sepultura. Alguns fãs mais exaltados fizeram discursos contra o "boicote aos negros" no Brasil, uma das polêmicas preferidas de Tim Maia.



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