DA REPORTAGEM LOCAL

O cliente das operadoras de TV a cabo brasileiras paga em média US$ 33 por mês para ver TV aberta, principalmente a Globo. É o que mostra o primeiro relatório mensal de medição de audiência na TV paga, divulgado ontem pelo Ibope.
Segundo o instituto, as emissoras abertas detiveram em março 76% de audiência média entre os telespectadores com TV paga em São Paulo e Rio.
Os cerca de 70 canais pagos disponíveis no país dividiram os 26% restantes. Só a TV Globo teve 43% de participação no universo de telespectadores com TV paga cariocas e paulistas.
Articulada para mostrar ao mercado publicitário o potencial dos canais pagos, a pesquisa revela que a audiência da TV por assinatura é quase traço.
Líderes de audiência entre os canais pagos, ao lado dos infantis, os canais de filmes (cinco Telecines, dois HBOs, dois Cinemax, mais Fox, Film & Arts e TNT) registraram em março uma audiência média diária (24 horas) de 28 mil telespectadores. Esse público cresceu para 49,8 mil no horário nobre (das 18h às 24h).
Os canais abertos aparecem nas sete primeiras posições na preferência dos assinantes. Entre os canais pagos, o infantil Cartoon Network é líder, com audiência média de 16.353 telespectadores por dia. Em seguida, vêm os canais SporTV (esporte), Fox Kids (infantil), Telecine Premium (filmes), TNT (filmes), Sony (entretenimento/seriados) e Globo News (veja quadro).
Bancada por programadoras de canais e por agências publicitárias, a pesquisa do Ibope ainda é vista com restrições pelo mercado. Até mesmo o Ibope admite que o levantamento só estará satisfatório daqui a seis meses.
A pesquisa abrange um universo de 400 domicílios com TV paga nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio. Desses domicílios, só 350 estão fornecendo dados. Os outros 50 são de assinantes de DTH (direct to home), das operadoras via satélite Sky e DirecTV. O Ibope está tendo dificuldades em adaptar seus equipamentos aos dessas operadoras.
A amostra de 400 aparelhos cobre um universo de cerca de 1,1 milhão de assinantes (ou domicílios com TV paga) nas duas cidades. Nesses domicílios, o Ibope calcula em 3.555.117 o número de telespectadores, das classes A e B.
O levantamento é feito em tempo real. Nos domicílios são instalados aparelhos chamados peoplemetters, que identificam quem está vendo TV e em qual canal o receptor está sintonizado. Os dados são enviados, via radiofrequência, para uma central do Ibope. A metodologia é idêntica à usada na TV aberta.
O anúncio dos dados do Ibope foi feito ontem de manhã. Mas só no início da noite, pressionado por jornalistas, o instituto divulgou um ranking entre os canais pagos.
"Esse negócio de ranking na TV paga não dá certo", justificou, de manhã, Flávio Ferrari, diretor do Ibope Mídia.
O Ibope optou, inicialmente, por divulgar apenas a performance dos canais em seus respectivos gêneros. Assim, queria evitar comparar "alhos com bugalhos" -comparações entre o Cartoon e o Telecine, por exemplo.
Nessa separação, os canais de filmes detêm 22% da audiência total dos canais pagos, mesmo percentual dos infantis. O bom desempenho dos canais de desenhos é atribuído ao fato de que as crianças ficam mais tempo vendo televisão do que os adultos.
O terceiro grupo com maior audiência é o de entretenimento (como o Sony), com 16%. Os canais de esporte somam 11% da audiência e os de documentários (como o Discovery), 7%.
Entre os canais de filmes, o Telecine Premium e o TNT lideram. A boa performance do TNT se explica por ser um canal dublado, presente em todos os pacotes e em todas as operadoras. No grupo, o HBO ocupa a quarta posição, atrás do Fox. Nesse caso é o contrário do TNT: o canal não está nas operações Net e Sky, e a audiência da DirecTV ainda não está sendo medida.
O canal USA é o vice-líder do bloco dos canais de entretenimento, seguido pelo Multishow.
Entre o público masculino com mais de 35 anos, o ranking dos canais de esportes é o seguinte: SporTV, ESPN Brasil, ESPN International e PSN.


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