São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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SP dilui "blitz" contra "falso estudante"

Cidade não adere à ofensiva anunciada pelos cinemas contra uso indevido de carteirinhas de meia-entrada

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec) anunciou que lançaria, na última sexta, ofensiva em todo o país às carteirinhas do "falso estudante".
A Feneec estima que, de cada duas carteirinhas que dão direito à meia-entrada apresentadas nas bilheterias dos cinemas, uma pertence a um "falso estudante" -alguém que não está matriculado em curso reconhecido pelo MEC, condição para a obtenção do benefício.
Os donos de cinema argumentam que a massificação do benefício por seu uso indevido -é de 70% o índice atual de vendas de meia-entrada, segundo eles- contribui para elevar o preço da "inteira", prejudicando o "verdadeiro estudante", que poderia pagar uma meia-entrada de valor menor, e o consumidor adulto que não adere à fraude, para quem a inteira sai por até R$ 21, em SP.

Principal mercado
Contudo, no principal mercado de cinema do país, com 36% das salas, a anunciada ofensiva conjunta não ocorreu.
A Folha percorreu no sábado sete cinemas na capital, pertencentes a seis diferentes redes exibidoras. Em apenas um a campanha estava em andamento -o Kinoplex Itaim, da rede Severiano Ribeiro. Ainda assim, em caráter educativo.
A Severiano Ribeiro informou que nenhuma carteirinha foi recusada. Os portadores de documentos emitidos por empresas privadas foram avisados de que o cinema passará a solicitar deles também o comprovante de matrícula.
O combinado era que todos exibissem um banner (cartaz gigante) divulgando o objetivo da campanha e fizessem "blitze" na bilheteria, pedindo comprovante de matrícula dos que tivessem carteiras suspeitas.
São consideradas suspeitas pela Feneec as carteiras emitidas "por empresas privadas, como lancherias, locadoras, emissoras de rádio", afirma o presidente da entidade, Ricardo Difini Leite. A Feneec acredita que há empresas privadas comercializando as carteiras sem comprovar a condição de estudante dos compradores.
Difini Leite previra adesão "de quase 100%" dos exibidores à campanha. "É um problema seriíssimo, que afeta todo o setor. Se houver comodismo de não querer enfrentá-lo, será de um grupo muito pequeno."
Embora sem adesão aparente à ofensiva da Feneec, os exibidores paulistas defendem a coibição do uso indevido das carteirinhas de estudante.
No sábado, nas unidades da rede Cinemark, a maior do país, a informação era de que a campanha seria adotada a partir de segunda (ontem). No Bristol (Playarte), segundo a gerência, o início ocorreria nas próximas semanas. O Reserva Cultural disse que ainda não tem o banner, mas está na campanha. A informação foi idêntica no HSBC Belas Artes.
Já Adhemar Oliveira, das salas Espaço Unibanco e Unibanco Arteplex, disse que não fez "adesão formal" à campanha da Feneec porque já pratica o controle em seus cinemas.
A cautela de alguns exibidores, segundo a Folha apurou, está relacionada ao temor de que um estardalhaço afugente seu espectador cativo e leve à queda de freqüência.


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