COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mulheres intérpretes não são novidade na música brasileira. Já mulheres compositoras, com corpo de obra representativo no universo do samba, não são coisa tão banal. Dona Ivone Lara, 84, Leci Brandão, 62, e Teresa Cristina, 38, têm isso em comum: cada uma à sua época, as três criaram repertórios importantes e os cantaram como aristocratas.
E, como numa roda de samba anti-Clube do Bolinha, a festa montada no palco no Sesc Vila Mariana em fevereiro último trazia as três mulheres, de três gerações e escolas de samba diferentes, cantando suas obras e apresentando umas às outras -ora juntas, ora separadas.
Filmado com capricho, à frente de uma platéia reverente, o programa que passa hoje na SescTV documenta o evento, com as apresentações individuais e o momento em que o trio canta junto.
Entre as performances, elas comentam o respeito que têm umas pelas outras. Teresa Cristina explica: "Com Leci, me sinto corajosa; com Ivone, me sinto mais bela". Ela própria é a criatividade, a renovação, a elegância do samba atual. Representantes da Portela, Mangueira e Império Serrano, elas cantam músicas como "Candeeiro" (Teresa Cristina), "Zé do Caroço" (Leci Brandão), "Sonho Meu" (Dona Ivone Lara), e, juntas, "Sorriso Negro" (Dona Ivone). (RONALDO EVANGELISTA)