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MÚSICA
Gravadora lança site com mais de 5.700 músicas de grupos do underground brasileiro para download gratuito
Independentes aderem à rede da Trama
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de quase um ano e meio
cavoucando bandas no "subterrâneo" brasileiro, a gravadora Trama anunciou na semana passada
o primeiro broto de sua nova investida no campo da música digital: o site www.tramavirtual.com.
O projeto, que já vinha sendo
testado extra-oficialmente desde
novembro de 2002, reúne atualmente mais de 5.700 faixas de grupos independentes, do Rio Grande do Sul à Paraíba, disponibilizadas gratuitamente no site.
Entre outras ferramentas, oferece serviço de classificados, notícias, fóruns, página pessoal e um
curioso sistema em que o usuário
critica as músicas das bandas.
A direção do projeto está a cargo do produtor musical Carlos
Eduardo Miranda, 42, que tenta
realizar uma espécie de curadoria
sobre o que está acontecendo nas
diversas "cenas" do país. Os destaques vão para um top 100, que é
atualizado semanalmente. Lá estão o hard rock paulista do Lastpain, o trance do DJ carioca Flowhere e a garageira dos gaúchos
do... Hipnóticos? Muito prazer.
"O mercado independente não
pára de crescer. E é disso mesmo
que a gente precisa, de renovação
na música, renovação na nossa
cultura. Acabou o império do
marketing", profetiza Miranda.
"Quem sabe uma gravadora grande não entra no site e descobre
um artista aqui? Seria ótimo!"
Apesar do pouco tempo de vida,
Miranda já se vangloria da primeira banda 100% lançada no site: o grupo de electrorock Cansei
de Ser Sexy, que há semanas ocupa a lista dos dez mais baixados.
"Eles surgiram aqui dentro e
acabaram virando uma banda
cult, ativa no cenário nacional.
Noutro dia, me disseram que não
estão nem pensando em fazer um
disco ainda", conta Miranda, que
não descarta a hipótese de as bandas virem a participar de coletâneas de artistas da própria gravadora. "Tudo pode acontecer, talvez até no futuro cobrar pelas músicas, se os artistas quiserem, se a
comunidade aceitar", relativiza.
Vale frisar que, apesar da presença de alguns "veteranos", como a gauchada do Júpiter Maçã e
Wander Wildner, os artistas oficiais da gravadora não fazem parte do projeto. A idéia é juntar a fome (dos independentes) com a
vontade de comer (da gravadora),
no novo banquete da distribuição
de música na web onde, até agora,
não se sabe quem pagará a conta:
"As bandas independentes têm
consciência de que a gente está
num primeiro ponto conquistando o consumidor. Até ontem a indústria estava processando os "file-sharers'", afirma João Marcelo
Boscolli, 32, sócio-fundador da
gravadora Trama.
"Não estamos preocupados em
ganhar dinheiro nem acho que a
internet vá destruir a música.
Existem momentos na história
em que se precisa correr o risco. O
mercado tende a ser muito maior
do que já é hoje", conclui.
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