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Era Tony Blair simboliza auge e queda do britpop
As melodias alegres de Oasis e Blur celebraram a eleição do primeiro-ministro; depois vieram os grupos românticos
Momento emblemático da cooptação do pop pelo poder foi o encontro entre o premiê e Noel Gallagher, na residência oficial britânica
DA REPORTAGEM LOCAL
A mais emblemática associação entre a era Tony Blair e as
artes britânicas está na fotografia que enquadra um sorridente
primeiro-ministro e Noel Gallagher, líder e guitarrista do
Oasis, taça de champanhe em
mãos. A imagem captura o auge
do britpop e simboliza seu fim.
Britpop é o termo que reúne
algumas bandas britânicas surgidas no início dos anos 90.
Suas melodias evocavam o pop
inglês dos anos 60/70, enquanto as letras versavam sobre temas e situações do cotidiano da
ilha. Era um contraponto ao
rock norte-americano, que dominava as paradas com grupos
como Nirvana e Pearl Jam.
Oasis, Blur, Pulp, Elastica,
Menswear e Ocean Colour Scene, bandas abrigadas sob o termo britpop, beneficiaram-se do
clima de renovação cultural e
política que se insinuava no
Reino Unido a partir da indicação de Tony Blair como líder
trabalhista, em 1994.
Em 1997, logo após sua eleição, Blair organizou uma festa
em Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro
britânico. Convidou vários artistas que o haviam apoiado durante a campanha. Damon Albarn, líder do Blur, enviou carta
dizendo que não iria. Noel Gallagher, líder do Oasis, foi.
Desde o punk, no final dos
anos 70, o pop britânico não
atingia tamanha relevância e
popularidade mundial. "Be Here Now", disco do Oasis lançado
em agosto de 1997, vendeu 500
mil cópias apenas no dia em
que chegou às lojas.
A festa foi animada, e a ressaca foi brava. Ao estampar jornais e revistas batendo papo
com Blair, Gallagher foi atacado por dar as mãos ao poder.
Semanas após o lançamento, as
lojas de discos usados britânicas foram tomadas por exemplares de "Be Here Now". Acabara o encanto com o britpop.
A euforia foi substituída por
um rock romântico, cheio de
baladas. Em 2000, o Coldplay
estreava com o álbum "Parachutes". O bom-mocismo e a
fama de careta de seu vocalista,
Chris Martin, funcionaram para a classe média britânica como um Engov contra os excessos e os palavrões dos irmãos
Gallagher, do Oasis.
(SYLVIA COLOMBO e THIAGO NEY)
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