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RELÂMPAGOS
Penhasco
JOÃO GILBERTO NOLL
Ele olha um boteco. Não
consegue entrar. Nem seguir
caminho. Mantém-se ali,
vendo uns homens fabricando uma alegria confusa. Ele
não tem para onde ir. Capaz
de fazer hora até a eternidade,
como se precisasse preencher
o tempo à beira de um penhasco, antes de se decidir
quem sabe pelo imenso vale.
Levam-no para uma camionete. Ele fecha os olhos. Vê
como que um casulo esbranquiçado a arfar no escuro.
Mas não!: é uma clara nave
espacial. Ou apenas um borrão indecifrável. Na asa do
nariz pende uma gota. Que,
em fervor desmesurado, cai.
E infiltra-se no encardido da
camisa, sobrevivendo a tudo,
até a esse tardio e silencioso
"ai!"...
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