São Paulo, Segunda-feira, 17 de Maio de 1999
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RELÂMPAGOS

Penhasco

JOÃO GILBERTO NOLL

Ele olha um boteco. Não consegue entrar. Nem seguir caminho. Mantém-se ali, vendo uns homens fabricando uma alegria confusa. Ele não tem para onde ir. Capaz de fazer hora até a eternidade, como se precisasse preencher o tempo à beira de um penhasco, antes de se decidir quem sabe pelo imenso vale. Levam-no para uma camionete. Ele fecha os olhos. Vê como que um casulo esbranquiçado a arfar no escuro. Mas não!: é uma clara nave espacial. Ou apenas um borrão indecifrável. Na asa do nariz pende uma gota. Que, em fervor desmesurado, cai. E infiltra-se no encardido da camisa, sobrevivendo a tudo, até a esse tardio e silencioso "ai!"...


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