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DA RUA
Desempregado
FERNANDO BONASSI
Ando mesmo sem sorte,
trombando de frente com
placas vazias de necessidade.
Dó desse sapato pras melhores cerimônias, ralado nas
calçadas mais distantes. Onde
velas derretem sobre pedidos
mínimos, o dragão espetado
ri da minha cara. Bombeiros
gritando não me deixam dormir. Talvez eu não saiba. Talvez não reze. Talvez não preste pra nada disso que vira salário, mas... e esses talheres
sambando na marmita? E
aquelas crianças querendo
em doce o que me sai amargo? Vendendo o café da manhã pelo almoço que não tenho de comer. Um passe puído de esperanças. Tickets de
vontades vencidas. Uma família arrimada em tudo, todos & ninguém. Abrindo
classificados em desespero,
como quem estupra a própria
mulher indesejável.
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