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Crítica/"Pelo Sabor do Gesto"
Canções do disco refletem amadurecimento da cantora
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A visita que Zélia Duncan
fez à tradição da música
brasileira em "Eu Me
Transformo em Outras" (2003)
a tornou uma cantora pop consistente, não apenas uma versão melhorada de Ana Carolina, como se podia temer. "Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band" (2005) foi a prova dessa mudança.
Em seu novo CD, "Pelo Sabor
do Gesto", Zélia não conta com
âncoras tão fortes quanto as do
trabalho anterior (a faixa-título, "Benditas", "Dor Elegante",
"Milágrimas" e algumas outras), mas o resultado permanece um pop amadurecido, em
que os temas são tratados sem
muitas concessões ao banal.
"Sinto Encanto" (Moska/Zélia) fala com esmero do prazer
de cantar: "Eu me alimento/ Do
meu silêncio/ E canto/ Porque
sinto encanto/ Sinto e canto".
A amizade é exaltada com humor
em "Esporte Fino Confortável", parceria com Chico César
com clima afim ao de "Ambição" (Rita Lee), a faixa anterior.
E o amor, como é hábito num
CD de canções, predomina no
repertório. É tratado com sofisticação melódica e um bom jogo de versos em "Se Eu Fosse"
(Dante Ozzetti/Zélia), mas
também com uma simplicidade
que se pretende profunda e é só
superficial em "Todos os Verbos" (Marcelo Jeneci/Zélia).
As versões de Zélia para duas
músicas do francês Alex Beaupain ("Boas Razões" e "Pelo Sabor do Gesto") mostram seu
aperfeiçoamento como letrista,
assim como "Se Um Dia Me
Quiseres" indica que ela pode
ser boa melodista, sendo ótima
a letra de Zeca Baleiro.
"Aberto" é outro pop radiofônico que remete à Zélia do início da carreira, o que não é um
elogio. Melhor mesmo é ela interpretando mais uma vez Itamar Assumpção ("Duas Namoradas") e ampliando suas possibilidades de compor e cantar.
PELO SABOR DO GESTO
Artista: Zélia Duncan
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: bom
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