São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Acervo de Chico Buarque chega à internet

Imagens, partituras e textos do cantor e compositor foram digitalizados pelo Instituto Antonio Carlos Jobim

Site custou R$ 200 mil, bancados por Lei Rouanet, e traz toda a discografia do artista em áudio e de vídeo;

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Enquanto aguardam o novo disco de Chico Buarque -cuja pré-venda começa na segunda-feira-, seus fãs ganham amplo acesso ao passado do cantor e compositor com o lançamento de seu acervo digital no site do Instituto Antonio Carlos Jobim (www.jobim.org).
A obra digitalizada do artista será lançada oficialmente na rede hoje, e seus números dão uma dimensão do volume acessível: são 1.044 imagens, 7.916 letras e partituras e 26.152 textos, entre cadernos, documentos pessoais, reportagens de imprensa, roteiros para cinema e teatro e correspondências.
O que mais chama a atenção, no entanto, são as gravações de áudio e vídeo, que somam cerca de 600 arquivos e incluem toda a discografia de Chico, com cada uma de suas canções -algo que nem mesmo o site oficial do artista disponibiliza.
Paulo Jobim, presidente do instituto que leva o nome de seu pai, diz que o cantor foi consultado sobre a digitalização de seu acervo, que custou R$ 200 mil e foi bancada pela Vale com uso da Lei Rouanet.
As gravadoras ou eventuais detentores de direitos autorais, no entanto, não foram procuradas.
"Essas músicas estão no site um pouco como acontece no YouTube, porque, se eu fosse pedir licença para cada parte do material, teria de montar um Ecad particular", explica Jobim.
"Como é algo de utilidade pública e não é lucrativo, imagino que não vamos ter problema. Mas, se alguém me procurar pedindo para tirar uma música, eu tiro."
A digitalização do acervo do astro é um desdobramento do trabalho iniciado por Regina Zappa para a publicação dos três livros que formam o "Cancioneiro Chico Buarque", editado pela Jobim Music.
O instituto digitalizou todo o material oriundo da pesquisa, mas não dará acesso irrestrito a tudo: correspondências pessoais (como cartas e bilhetes de familiares) e vídeos, apesar de estarem no site, só poderão ser vistos na sede, por pesquisadores.

Acervos de Gil e Milton
O acervo de Chico é o terceiro que o instituto coloca na internet, depois dos de Tom Jobim, lançado em 2003, e de Dorival Caymmi, de 2009.
O mesmo projeto está em andamento com a obra de Gilberto Gil -segundo Jobim, já estão na metade do processo- e começará em breve com a de Milton Nascimento, num trabalho que deve durar dois anos.
Todos os projetos tiveram captação de verba aprovada pela Lei Rouanet; Jobim diz que os custos de cada um são de cerca de R$ 200 mil e foram bancados por empresas como a Natura e a Petrobras.
Jobim diz que, quando iniciou a digitalização, tinha em mente, além dos fãs, estudiosos e músicos.
"Estou mostrando esses documentos para quem quiser fazer pesquisa. Isso rende frutos bons, as pessoas fazem trabalhos em cima do material que está no site. Por exemplo, se alguém quer gravar uma canção do meu pai e não tem a partitura, pode entrar no site e gravar a canção corretamente"
Além do lançamento do acervo de Chico Buarque on-line, acontece hoje a abertura de uma exposição com parte do material no Espaço Tom Jobim (r. Jardim Botânico, 1.008, Rio). A mostra, gratuita, fica em cartaz por três meses, de terça a domingo, das 10h às 18h.


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