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Estilista tenta soltar vestidos no céu de São Paulo
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
A estilista Karlla Girotto queria que os vestidos mostrados
ontem em sua coleção, exibidos
pendurados em balões durante
uma performance no Ibirapuera, saíssem voando pela cidade.
Ela não pôde levar o plano à
frente porque foi proibida pela
Infraero. Sim, um vestido voador poderia derrubar um avião.
A idéia do "vôo", de acordo com
a estilista, é mostrar que mulheres normais, que usam manequim que vai do 44 ao 50, são
pesadas, mas podem voar. "Essas mulheres têm a leveza de
serem reais", afirma.
A coleção lançada ontem por
Karlla numa escada do parque,
em apresentação aberta ao público, chama "de verdade". A
idéia é subverter a numeração
das roupas e assim servir mulheres que fujam do padrão magro. O PP é o número 44; o P, o
46; o M, o 48. Com o G, ela quer
vestir mulheres que usem o tamanho 50. "Não teria como
usar modelos para mostrar essa
coleção, pois quis fazer roupas
justamente para mulheres que
não se alinham com o padrão
da moda." Uma top, em geral,
veste 34, no máximo 36.
Mas por que não usar modelos que fujam dos padrões? "Eu
fui para outro território estético. E é muito difícil trabalhar
isso dentro do sistema da moda. As pessoas sempre esperam
ver modelos magras e altas,
porque as roupas ficam mais
perfeitas nelas", diz.
Alexandre Herchcovitch
também quebrou o padrão dos
modelos em sua coleção masculina. Dos 20 rapazes que desfilaram, apenas seis eram modelos. "Queria garotos com
dreadlocks [tipo de trança rastafári]. Tínhamos todas as etnias e manequins que iam do 36
ao 42." Os modelos foram encontrados na rua ou em agências de atores.
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