São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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Estilista tenta soltar vestidos no céu de São Paulo

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

A estilista Karlla Girotto queria que os vestidos mostrados ontem em sua coleção, exibidos pendurados em balões durante uma performance no Ibirapuera, saíssem voando pela cidade.
Ela não pôde levar o plano à frente porque foi proibida pela Infraero. Sim, um vestido voador poderia derrubar um avião. A idéia do "vôo", de acordo com a estilista, é mostrar que mulheres normais, que usam manequim que vai do 44 ao 50, são pesadas, mas podem voar. "Essas mulheres têm a leveza de serem reais", afirma.
A coleção lançada ontem por Karlla numa escada do parque, em apresentação aberta ao público, chama "de verdade". A idéia é subverter a numeração das roupas e assim servir mulheres que fujam do padrão magro. O PP é o número 44; o P, o 46; o M, o 48. Com o G, ela quer vestir mulheres que usem o tamanho 50. "Não teria como usar modelos para mostrar essa coleção, pois quis fazer roupas justamente para mulheres que não se alinham com o padrão da moda." Uma top, em geral, veste 34, no máximo 36.
Mas por que não usar modelos que fujam dos padrões? "Eu fui para outro território estético. E é muito difícil trabalhar isso dentro do sistema da moda. As pessoas sempre esperam ver modelos magras e altas, porque as roupas ficam mais perfeitas nelas", diz.
Alexandre Herchcovitch também quebrou o padrão dos modelos em sua coleção masculina. Dos 20 rapazes que desfilaram, apenas seis eram modelos. "Queria garotos com dreadlocks [tipo de trança rastafári]. Tínhamos todas as etnias e manequins que iam do 36 ao 42." Os modelos foram encontrados na rua ou em agências de atores.


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