São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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Enquanto grupo se apaga, agência cresce em tamanho e influência

DA REPORTAGEM LOCAL

A mesma medida provisória que, em setembro de 2001, criou o Conselho Superior de Cinema, hoje no limbo, criou a Ancine. Fruto de uma série de discussões entre o governo e o setor cinematográfico, o conjunto de medidas tinha o objetivo de reorganizar o cinema nacional, levado à bancarrota com o fim da Embrafilme, no governo Collor.
No corpo da lei, ambas as instituições aparecem, hierarquicamente, na mesma posição. Mas, como se vê, tiveram destinos distintos. Enquanto o conselho não se reúne, a agência cresce em tamanho e influência. Para se ter uma ideia, a instituição conta com 430 funcionários. Saem de suas salas, no Rio, boa parte dos programas e apoios voltados ao cinema.
"Como o conselho não se reúne, a política não é formulada e, com isso, os papeis ficam embaralhados. Um órgão invade as atribuições do outro. A Ancine ocupa o vazio que o conselho deixou e, neste momento, tem um gigantismo desproporcional à atividade", diz o produtor Luiz Carlos Barreto, decano da política cinematográfica brasileira.
"Você pode ter uma agência que é fomentadora e reguladora? É certo distribuir recursos públicos e, ao mesmo tempo, regular o setor?", pergunta Jorge Peregrino, da Paramount.
Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine, observa, porém, que a MP define esses papeis: fomento, regulação e fiscalização. "A agência atua dentro da competência da lei e é supervisionada pelo MinC."
Sobre o excesso de poder em suas mãos, Rangel diz: "Não percebo isso como opinião do mercado, mas sim de um ou outro agente econômico que, eventualmente, se sente prejudicado por algumas das ações da agência". Cabe observar que tais queixas surgem no momento em que os R$ 37 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual, gerido pela Ancine, começam a ser partilhados.
Outra reclamação frequente diz respeito ao que, no meio, vem sendo chamado de "liturgia kafkiana". "A burocracia é um mal que atinge o Estado brasileiro", admite Rangel. "Lutamos para eliminar os excessos burocráticos, mas isso não pode se transformar em permissividade e desatenção com os recursos públicos."


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