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HQ
Capitão Presença é sucesso na internet e inspira música
Fanzine retorna com personagem que mobiliza cena de quadrinistas
ALEXANDRE MATIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Adivinha, doutor, quem tá de
volta na praça? Um pássaro, um
avião? Ícone dos turbulentos tempos que atravessamos, um super-herói desce dos céus oferecendo
ajuda aos desesperados que clamam por salvação. "Grandes poderes exigem grandes responsabilidades!", diz o fanzineiro Matias
Maxx, inspirador do personagem.
Bolado pelo flamenguista Arnaldo Branco no final de 2003, o
Capitão Presença é a força motriz
por trás da revista de Maxx, a iconoclasta "Tarja Preta", em que diferentes autores do novo quadrinho nacional visitam um mundo
em que a ausência de maconha
pode ser revertida com um chamado por um super-herói.
"Tarja Preta" chega à sua quarta
edição e será lançada hoje em São
Paulo. Mas o personagem de
Branco segue vôo solo para além
das páginas da revista -de wallpaper de celular a música do coletivo Instituto, o Capitão voa solto
pela imaginação dos criadores.
"Estou em processo de publicação do Capitão Presença pelo
Creative Commons", explica
Branco, que apenas está regularizando um processo que, na prática, já acontece. Ele lembra da origem do personagem: "Estávamos,
eu e o Allan Sieber, esperando o
Matias chegar em casa quando
pensamos num personagem que
sempre tinha um beque em cima,
o Capitão Ganja. Fiquei com a
idéia do personagem, fiz duas tiras usando o Matias como inspiração e coloquei no meu blog. Saí
de férias e, quando voltei, um
monte de gente estava fazendo
histórias com o Presença".
Malandro pós-moderno, o personagem menospreza a força da
lei, faz pouco caso de quem usa
outras drogas, se leva a sério até o
limite da tiração de onda, não pode ver um rabo-de-saia e ri de si
mesmo em qualquer ocasião.
O personagem tornou-se um
exemplo prático do uso do copyleft: funcionou como catalisador
de uma nova geração de cartunistas que, ao usar o personagem, sublinhavam a autoria de Branco.
Nomes como Schiavon, Mitchell
(da revista "Mosh"), Moskito,
Kemp, Danilo, Zé Colméia, Daniel Paiva, Goose e Chakal reinventaram o super-herói cada um
à sua maneira, boa parte deles
reunidos no blog Capitão Presença Museum (presa.blogger.com.br), organizado pelo cartunista
André Dahmer.
"Gosto da idéia de o personagem ser livre", diz Arnaldo, que licenciou o Presença para manter
sua liberdade. "O Bill Watterson,
autor do "Calvin", não gostava de
licenciar o personagem para lancheiras e camisetas de grandes
corporações. Ele preferia vê-lo pirateado, por saber que a medida
do gosto público é autêntica", explica Branco, que procura editoras para viabilizar um álbum do
personagem, já adiantado.
A força do Presença pode ser
medida pelo número de down-loads do wallpaper do personagem no site Claro Idéias (3.000,
sendo que cada um é vendido a
R$ 1) e pelo fato de o coletivo Instituto ter gravado uma música
instrumental batizada simplesmente de "Capitão Presença". A
faixa, um funkão 70 com guitarra
de hard rock, é propositadamente
referente aos seriados de ação dos
anos 70, deixando no ar possibilidades ainda mais improváveis para o Capitão. Ela está na coletânea
"Smoking Hip Hop", a ser lançada no mês que vem, que a gravadora ST2 solta em parceria com a
célebre marca de seda e que ainda
conta com Nação Zumbi e Cidadão Instigado, Bid, DJ King, Funk
como Le Gusta e os rappers
Speed, Black Alien, Max B.O. e
Paulo Nápoli.
Tarja Preta 4
Onde encontrar: www.cucaracha.com.br/tarjapreta (100 págs., R$ 2)
Lançamento: Galeria Choque Cultural
(r. João Moura, 997, SP, tel. 0/xx/11/
3061-4051); hoje, às 20h, entrada franca,
e na Funhouse (r. Bela Cintra, 567, SP, tel.
0/xx/11/3259-3793), às 23h; R$ 6
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