|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ascensão e queda do MySpace
Autora de livro que conta a trajetória da rede social, que foi trampolim para várias bandas, fala sobre os problemas do site e a concorrência do Facebook
BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2007, a jornalista Julia
Angwin mal sabia o que era
MySpace. Até que foi incumbida de escrever sobre a aquisição
do site pela News Corporation
-um dos maiores grupos de comunicação do mundo. Angwin
é editora de tecnologia do "Wall
Street Journal".
Conforme avançou em sua
pesquisa, Angwin percebeu que
tinha mais do que uma reportagem e, em março deste ano, lançou, nos EUA, "Stealing
MySpace - The Battle to Control the Most Popular Website
in America" (roubar o MySpace
- a batalha para controlar o site
mais poderoso dos EUA).
No livro, Angwin aborda da
ascensão do site, criado por
Chris DeWolfe e Tom Anderson em 2003, à sua turbulenta
venda, em 2005. Angwin lembra como a dupla tomou emprestadas algumas das melhores ideias já existentes na web
para criar o site, além de polêmicas envolvendo os dois.
O MySpace ficou conhecido
como uma rede social para bandas e fãs e serviu de trampolim
para artistas. Angwin defende
que o legado do site ultrapassa
a música. "O MySpace deu para
comunidades virtuais uma popularidade de massa. Foi a primeira experiência de muitas
pessoas com redes sociais. Hoje
há redes sociais para qualquer
coisa", disse Angwin à Folha.
Em abril do ano passado, no
entanto, o MySpace começou a
se despedir de sua hegemonia:
foi superado, em relação aos
seus visitantes únicos, pelo Facebook, que se tornou a maior
rede social dos EUA e do mundo. Como Angwin aponta, a
queda do MySpace foi "dramática" neste ano.
"O MySpace tinha o mercado
mais jovem e não percebeu que
o Facebook, que detém o público universitário, tomaria o seu,
que iria para a faculdade. Eles
foram muito cegos. Nunca tentaram nem manter as pessoas."
Angwin afirma que o MySpace foi negligente em relação às
empresas que desenvolvem
aplicativos e, quando o Facebook ofereceu uma acordo melhor, elas deixaram o site. "O
software do MySpace é grosseiro, eles não o atualizaram por
anos. Não é muito amigável
[navegar no endereço]", avalia.
Em julho, o MySpace reduziu em 30% seus funcionários e
fechou escritórios que tinha
em diversos países, inclusive
no Brasil. "Imagino que o Facebook seja enorme no Brasil,
mas não tenha escritório no
país [o site estuda a abertura de
um no ano que vem]. Eles foram muito otimistas."
Esboçando uma reação, o
magnata australiano Rupert
Murdoch, dono da News Corp,
disse em entrevista ao "Wall
Street Journal" que o MySpace
será bem diferente do Facebook. "Eles vão continuar buscando mais experiências de entretenimento, mas não sei o
quão dramáticas essas mudanças serão", diz Angwin. Procurado pela Folha, o MySpace
disse que não se manifestará
sobre o futuro da empresa.
Angwin não acredita em uma
virada do MySpace. "Não consigo lembrar de uma empresa
de internet que tenha caído tão
rápido e se recuperado." E não
hesita em escolher sua rede social. "Eu tentei muito, mas ninguém que eu conheço está lá.
Tenho 30 amigos no MySpace
e centenas no Facebook."
Texto Anterior: Biografia: Livro homenageia socióloga Ruth Cardoso Próximo Texto: National Geographic visita favela carioca Índice
|