São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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Ascensão e queda do MySpace

Autora de livro que conta a trajetória da rede social, que foi trampolim para várias bandas, fala sobre os problemas do site e a concorrência do Facebook

BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2007, a jornalista Julia Angwin mal sabia o que era MySpace. Até que foi incumbida de escrever sobre a aquisição do site pela News Corporation -um dos maiores grupos de comunicação do mundo. Angwin é editora de tecnologia do "Wall Street Journal".
Conforme avançou em sua pesquisa, Angwin percebeu que tinha mais do que uma reportagem e, em março deste ano, lançou, nos EUA, "Stealing MySpace - The Battle to Control the Most Popular Website in America" (roubar o MySpace - a batalha para controlar o site mais poderoso dos EUA).
No livro, Angwin aborda da ascensão do site, criado por Chris DeWolfe e Tom Anderson em 2003, à sua turbulenta venda, em 2005. Angwin lembra como a dupla tomou emprestadas algumas das melhores ideias já existentes na web para criar o site, além de polêmicas envolvendo os dois.
O MySpace ficou conhecido como uma rede social para bandas e fãs e serviu de trampolim para artistas. Angwin defende que o legado do site ultrapassa a música. "O MySpace deu para comunidades virtuais uma popularidade de massa. Foi a primeira experiência de muitas pessoas com redes sociais. Hoje há redes sociais para qualquer coisa", disse Angwin à Folha.
Em abril do ano passado, no entanto, o MySpace começou a se despedir de sua hegemonia: foi superado, em relação aos seus visitantes únicos, pelo Facebook, que se tornou a maior rede social dos EUA e do mundo. Como Angwin aponta, a queda do MySpace foi "dramática" neste ano.
"O MySpace tinha o mercado mais jovem e não percebeu que o Facebook, que detém o público universitário, tomaria o seu, que iria para a faculdade. Eles foram muito cegos. Nunca tentaram nem manter as pessoas."
Angwin afirma que o MySpace foi negligente em relação às empresas que desenvolvem aplicativos e, quando o Facebook ofereceu uma acordo melhor, elas deixaram o site. "O software do MySpace é grosseiro, eles não o atualizaram por anos. Não é muito amigável [navegar no endereço]", avalia.
Em julho, o MySpace reduziu em 30% seus funcionários e fechou escritórios que tinha em diversos países, inclusive no Brasil. "Imagino que o Facebook seja enorme no Brasil, mas não tenha escritório no país [o site estuda a abertura de um no ano que vem]. Eles foram muito otimistas."
Esboçando uma reação, o magnata australiano Rupert Murdoch, dono da News Corp, disse em entrevista ao "Wall Street Journal" que o MySpace será bem diferente do Facebook. "Eles vão continuar buscando mais experiências de entretenimento, mas não sei o quão dramáticas essas mudanças serão", diz Angwin. Procurado pela Folha, o MySpace disse que não se manifestará sobre o futuro da empresa.
Angwin não acredita em uma virada do MySpace. "Não consigo lembrar de uma empresa de internet que tenha caído tão rápido e se recuperado." E não hesita em escolher sua rede social. "Eu tentei muito, mas ninguém que eu conheço está lá. Tenho 30 amigos no MySpace e centenas no Facebook."

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