Reprodução

O desenho 'Jazz', feito em 85 para a revista "Free Jazz Festival"

LEONARDO CRUZ
free-lance para a Folha

Em 1964, o ilustrador argentino Luis Trimano fez uma rápida incursão pelos pampas de seu país, acompanhando uma mulher que conhecera em Buenos Aires.
Meses depois, Trimano montava sua primeira exposição, inspirada em textos de Juan Ricardo Nervi, poeta que conhecera na viagem.
"Poemas en Blanco y Negro" era formada por uma série de desenhos em nanquim expostos ao lado dos poemas de Nervi.
Agora, 33 anos depois, Trimano, 54, traz a São Paulo sua 37ª exposição, entre mostras individuais e coletivas. "Trimano - Desenhos e Ilustrações", que será aberta hoje, às 20h, no Museu da Imagem e do Som (MIS), é um conjunto de 70 obras, que retratam as diferentes fases da carreira do argentino que se radicou no Brasil em 1968.
Entre desenhos originais e impressos, poderão ser vistos no MIS cartazes e programas de peças de teatro, capas de discos e livros, poemas ilustrados e séries sobre MPB e temas sociais.
Estarão expostos ainda trabalhos da fase atual de Trimano, com ilustrações publicadas todo domingo no caderno Dinheiro da Folha.
Os desenhos de Trimano marcaram alguns importantes ilustradores brasileiros. "Seu traço requintado e cuidadoso foi uma grande influência, principalmente em sua fase caricatural", afirma o desenhista Kipper.
Para o caricaturista Orlando, o humor corrosivo é uma das características mais fortes e interessantes da obra de Trimano.
Viagem ao México
Apesar de estar no país há 29 anos, Trimano chegou ao Brasil quase por acaso. "Eu queria estudar arte no México, mas não foi possível e acabei vindo para São Paulo", conta.
Na capital paulista, o ilustrador foi procurar emprego na grande imprensa. Entre outras publicações, passou pela Folha, pelas revistas "Veja" e "Realidade", e pelos jornais alternativos "Pasquim", "Versus", "Pif-Paf" e "Movimento".
Nesse período, entre 68 e 74, Trimano ficou conhecido por suas caricaturas. Geralmente em nanquim ou caneta esferográfica, seu traço fino retratou os personagens políticos e os mais importantes acontecimentos do país, sempre de maneira crítica.
Em meados dos anos 70, por pressão da censura, que rabiscava muitos de seus trabalhos, Trimano deixou um pouco de lado as caricaturas e passou a preparar cartazes de peças de teatro, capas de livros e discos.
Entre outros projetos, Trimano foi o responsável pelas capas de dois livros de Carlos Drummond de Andrade, "A Paixão Medida" e "A Rosa do Povo". Desse período, também faz parte a série "Músicos", que estará exposta no MIS.
Atualmente, além do trabalho semanal para a Folha, Trimano voltou à poesia. No ano passado, montou "Radial X", exposição em que ilustrava os textos do poeta Leonardo Fróes.

Exposição: Trimano - Desenhos e Ilustrações Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, Jardins, tel. 011/852-9197) Quando: de hoje a 28 de setembro Quanto: entrada franca


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