São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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Coleção Folha traz francês D'Orsay

Museu parisiense exibe obras-primas do impressionismo e famosas telas, como "A Origem do Mundo", de Courbet

Publicação traz história de instituição, construída em antiga estação de trem à beira do rio Sena que quase foi demolida nos anos 70

DA REPORTAGEM LOCAL

Matisse, Van Gogh, Gauguin, Cézanne, Toulouse-Lautrec: alguns dos mais importantes nomes da pintura europeia no período entre 1848 e 1914 estão representados no sétimo volume da Coleção Folha Grandes Museus do Mundo, que chega às bancas no domingo, e contempla o Museu d'Orsay.
O primeiro encantamento com a instituição acontece do lado de fora. Localizado em uma cidade especialmente conhecida por suas belezas arquitetônicas, o prédio inaugurado em 1900, por ocasião da Exposição Universal de Paris, é uma das edificações que mais impressionam os milhões de turistas que anualmente visitam a capital francesa.
Naquela época, os parisienses ficaram meio assustados quando a companhia ferroviária, querendo ter um terminal no centro da cidade, adquiriu um terreno ao longo do rio Sena, em frente ao jardim das Tulherias. O medo era que um prédio barulhento e sujo desfigurasse um dos pontos mais belos da Cidade-Luz.
Contudo, o projeto do arquiteto Victor Laloux para a Gare d'Orsay permitiu que ela fosse a primeira estação realmente moderna de Paris, já que todos os trens que lá chegavam eram movidos a tração elétrica. Nada de locomotivas a vapor, nada de fumaça, nada de fuligem: com isso, as arcadas puderam ser decoradas com estuques, esculturas e motivos florais.
A estação vivia em simbiose com um luxuoso hotel de 370 quartos, que logo se tornou o "point" da intelectualidade europeia da época.
O escritor alemão Thomas Mann, autor de "A Montanha Mágica", foi um frequentador do local, e Marcel Proust ambientou ali cenas importantes de seu monumental romance "Em Busca do Tempo Perdido".

Prédio quase demolido
Esse inestimável capital simbólico ameaçou se esvair na década de 1970. Naquela época, pensava-se seriamente em botá-la abaixo, como havia sido efetivamente demolido todo o quarteirão dos mercados cobertos de Les Halles.
Houve mobilização da opinião pública contra o projeto de fazer erigir, no lugar da gare, um arranha-céu, que abrigaria um hotel de 850 quartos.
Optou-se, em vez disso, por preservar o edifício, e fazer funcionar nele um museu, inaugurado em 1986 pelo presidente François Mitterrand. Desde essa época, cerca de 50 milhões de pessoas visitaram o local.
Com um percurso ordenado segundo um critério cronológico que leva em conta sobretudo correntes estéticas, a visita ao Museu d'Orsay permite descobrir todo o sistema artístico da França -e de parte da Europa- da segunda metade do século 19 e do início do século 20, da arte acadêmica à proposta dos artistas que se opunham às hierarquias e aos ensinamentos da Escola das Belas Artes.
Estão lá, assim, quadros que causaram escândalo em sua época, como os nus femininos "Olympia", de Édouard Manet (1832-1883), e "A Origem do Mundo", de Gustave Courbet (1819-1877), bem como o eloquente documento da atividade musical parisiense que é "A Orquestra de Ópera", de Edgar Degas (1834-1917).
Há também obras-primas impressionistas, como "Baile do Moulin de la Galette", de Renoir (1841-1919).


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