São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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FILMES

TV ABERTA

Ambientação é o destaque em filme de Altman

007 - O Espião que Me Amava
SBT, 12h.
  
(The Spy Who Loved Me). Inglaterra, 1977, 125 min. Direção: Lewis Gilbert. Com Roger Moore, Barbara Bach, Curd Jürgens. Em fase de arrefecimento da Guerra Fria, Bond faz dupla com a agente russa Barbara Bach, combatendo o perigo nuclear representado pelo vilão megalomaníaco Curd Jürgens. Um 007 apenas ok.

O Professor Aloprado 2 - A Família Klump
Globo, 13h20.
 
(Nutty Professor 2 - The Klumps). EUA, 2000, 106 min. Direção: Peter Segal. Com Eddie Murphy, Janet Jackson. A vulgaridade continua a dar o tom nessa seqüência, na qual Eddie Murphy interpreta múltiplos personagens. De todo modo, trata das aventuras de Buddy Love, alter ego do tímido prof. Klump. Há ocasiões em que o humor e a perspicácia compensam a vulgaridade. Não é o caso aqui.

Terra do Mar
Cultura, 16h30.
  
Brasil, 1997. Direção: Eduardo Caron e Mirella Martinelli. Documentário sobre a cultura das comunidades litorâneas do norte do Paraná e do sul de São Paulo, que vivem essencialmente da pesca. Os realizadores vêm de experiências bem-sucedidas na área do curta-metragem, e aqui dedicam-se ao documentário antropológico, com ênfase no ritmo de vida particular dos habitantes e nas relações entre cultura e natureza.

Kazaam
Record, 20h50.
 
(Kazaam). EUA, 1996, 92 min. Direção: Paul Michael Glaser. Com Shaquille O'Neal, Francis Capra. Garoto perseguido por gangue de adolescentes descobre lâmpada mágica com Shaquille O'Neal dentro, como uma espécie de gênio que irá conceder os tradicionais três desejos. Shaquille é bom para jogar basquete. Aqui, só bola fora.

Falando pra Cachorro
Bandeirantes, 20h50.
 
(Paws). Austrália/Inglaterra, 1997, 83 min. Direção: Karl Zwicky. Com Emilie François, Nathan Cavaleri. Cachorro inteligentíssimo detém o segredo sobre uma fortuna guardada por seu dono. Mas vilões fazem o possível para botar a mão no dinheiro. Não vai longe.

O Soldado do Futuro
SBT, 22h30.
 
(Soldier). EUA, 1998, 98 min. Direção: Paul Anderson. Com Kurt Russell, Jason Scott Lee, Gary Busey. O sargento Todd (Russell), soldado humano, tornou-se é uma espécie de relíquia no ano 2036, quando novos soldados, produtos da engenharia genética, ocupam o lugar dos velhos guerreiros. Depois de ser deixado ao léu para morrer por seus sucessores, no entanto, Todd terá oportunidade de mostrar o quanto vale um humano.

Nova York Sitiada
Globo, 0h05.
  
(The Siege). EUA, 1998, 120 min. Direção: Edward Zwick. Com Denzel Washington, Annette Benning, Bruce Willis. Terroristas plantam bombas por toda Nova York. Os atores principais representam instituições que se batem de diferentes maneiras para encontrar os terroristas e desarmar as bombas, quando não estão se batendo entre si. Para ver e esquecer rapidinho.

Onde os Homens São Homens
Bandeirantes, 0h40.
  
(McCabe and Mrs. Miller). EUA, 1971, 121 min. Direção: Robert Altman. Com Warren Beaty, Julie Christie. Sem conhecer o negócio, McCabe adquire bordel numa vila do Oeste. Mrs. Miller prontifica-se a ajudá-lo. O negócio prospera. Surgem, então, os problemas. O forte do filme é a ambientação, nada convencional. Mas o desenvolvimento é meio decepcionante, para o que se pode esperar de Altman. Ainda assim, a conferir. (IA)

TV PAGA

John Ford combate a barbárie pela última vez

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há quem lembre dos filmes de Valerio Zurlini pela tristeza, e com razão. Mas não sei se existe filme mais triste do que "Sete Mulheres" (Futura, 16h).
Não é nem um dos trabalhos de John Ford que tenham mais prestígio, sendo mais lembrado por ser seu último filme. O que terá levado o velho Ford a trocar a segurança do faroeste pela China é quase irrelevante. Mas por que esse grupo de missionárias passa por um destino tão infame?
A saber, elas são atacadas por um grupo de guerreiros mongóis, que não são conhecidos pela delicadeza ou cavalheirismo.
Antes disso, Ford afunda-se em ambigüidades. O que fazem aquelas crianças chinesas sob os cuidados de missionárias ocidentais? Perguntamos todo o tempo, e Ford também devia se perguntar, que diabo fazem os ocidentais que sempre querem submeter outros povos a seus costumes e crenças.
Essa é a questão central da história e, me parece, é a que podemos vislumbrar em Anne Bancroft, no seu gesto final. Gesto heróico, mas que traz tanto a marca do altruísmo e da renúncia quanto da percepção de que o homem branco ocidental não compreendeu ainda a diversidade cultural.
Em termos de faroeste, Ford havia feito essa crítica em relação ao tratamento dado aos índios. Aqui, a crítica pode ficar um tanto oculta devido à barbárie dos guerreiros mongóis. Pode parecer que se sugere a conquista territorial, e aliás essa é a primeira impressão que o filme deixa. Mas levando em conta o histórico de John Ford nos anos 60, essa outra leitura talvez seja a que mais dá conta das intenções e dos sentimentos do cineasta americano: o sentimento de solidão das mulheres corresponde a um Ford cada vez mais pessimista e pouco paciente com as barbáries de seu próprio povo.


SETE MULHERES. Quando: hoje, às 16h, no Futura.


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