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QUADRINHOS
Editora lança nos EUA "Infinite Crisis", que atualiza seus personagens
DC renova heróis com outra "crise"
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
As histórias em quadrinhos, como quase toda produção cultural,
refletem a época e o ambiente em
que foram criadas. Por isso, de
tempos em tempos, a indústria
percebe que seus produtos estão
desatualizados, perdendo público, e decide modernizá-los, adequá-los ao presente.
A DC Comics, casa de Batman,
Super-Homem, Mulher Maravilha e incontáveis heróis de sucesso, acaba de entrar, nos EUA, no
momento crucial de sua atual fase
de revitalização, que começou, de
modo esparso, em 2002. Na terça-feira passada foi lançada a primeira das sete partes de ""Infinite Crisis", uma série mensal que irá reunir os principais heróis da editora
e as sagas em que estiveram envolvidos nos últimos três anos.
No fim desse processo, os personagens serão deslocados um
ano para o futuro e reaparecerão
com mudanças mais e menos
drásticas em suas personalidades,
dependendo de cada caso. Para
explicar o que aconteceu com os
heróis no ano que será "pulado",
a editora lançará uma série semanal, "52", que durará um ano inteiro. Quando isso tudo terminar,
a DC espera ter reciclado seu produto para os leitores do século 21.
Parece confuso? É mesmo, mas
esse caos não é novo na história
da editora, como sabem os fãs.
Em 1985, a DC criou uma série em
12 edições que servia para comemorar seu 50º aniversário, atualizar seus personagens e resolver os
problemas da série de universos
paralelos (o chamado "Multiverso", com várias Terras) que existiam em suas sagas. "Crise nas Infinitas Terras", escrita por Marv
Wolfman e ilustrada por George
Pérez (com apoio de Mike DeCarlo, Dick Giordano e Jerry Ordway), matou alguns personagens,
elevou a companhia com suas
vendas e exasperou todos os leitores que não estavam familiarizados com a continuidade temporal
maluca do universo da DC.
Diversos roteiristas e artistas estão trabalhando na atual reformulação, incluindo Grant Morrison (que trabalhou na clássica
história de Batman "Asilo Arkham"), George Pérez (da "Crise"
de 1985) e Greg Rucka, ex-editor
da DC e roteirista de histórias do
Super-Homem e Mulher Maravilha, entre outros.
""Nosso público está muito mais
inteligente e sofisticado, e não necessariamente porque está mais
velho", explicou Rucka, em entrevista ao "New York Times". ""Um
jovem que tem 12 anos hoje lê
num nível completamente distinto de um jovem que tinha essa
idade há 20 anos."
Sua opinião está alinhada com a
de seus chefes, como prova o depoimento de Dan DiDio, vice-presidente editorial da DC, ao
mesmo "Times": ""Nossos personagens foram criados entre as décadas de 1940 e 1960. Há muitos
elementos que ficaram sem ligação com a realidade dos leitores
de hoje", explicou DiDio. Os
atuais leitores, segundo o executivo, "têm mais conhecimento e
querem mais complexidade".
DiDio também tem noção do
tamanho da aposta que a DC está
fazendo nessa reformulação. "Isso não é apenas um risco editorial,
é um risco empresarial."
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