São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2005

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QUADRINHOS

Editora lança nos EUA "Infinite Crisis", que atualiza seus personagens

DC renova heróis com outra "crise"

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

As histórias em quadrinhos, como quase toda produção cultural, refletem a época e o ambiente em que foram criadas. Por isso, de tempos em tempos, a indústria percebe que seus produtos estão desatualizados, perdendo público, e decide modernizá-los, adequá-los ao presente.
A DC Comics, casa de Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha e incontáveis heróis de sucesso, acaba de entrar, nos EUA, no momento crucial de sua atual fase de revitalização, que começou, de modo esparso, em 2002. Na terça-feira passada foi lançada a primeira das sete partes de ""Infinite Crisis", uma série mensal que irá reunir os principais heróis da editora e as sagas em que estiveram envolvidos nos últimos três anos.
No fim desse processo, os personagens serão deslocados um ano para o futuro e reaparecerão com mudanças mais e menos drásticas em suas personalidades, dependendo de cada caso. Para explicar o que aconteceu com os heróis no ano que será "pulado", a editora lançará uma série semanal, "52", que durará um ano inteiro. Quando isso tudo terminar, a DC espera ter reciclado seu produto para os leitores do século 21.
Parece confuso? É mesmo, mas esse caos não é novo na história da editora, como sabem os fãs. Em 1985, a DC criou uma série em 12 edições que servia para comemorar seu 50º aniversário, atualizar seus personagens e resolver os problemas da série de universos paralelos (o chamado "Multiverso", com várias Terras) que existiam em suas sagas. "Crise nas Infinitas Terras", escrita por Marv Wolfman e ilustrada por George Pérez (com apoio de Mike DeCarlo, Dick Giordano e Jerry Ordway), matou alguns personagens, elevou a companhia com suas vendas e exasperou todos os leitores que não estavam familiarizados com a continuidade temporal maluca do universo da DC.
Diversos roteiristas e artistas estão trabalhando na atual reformulação, incluindo Grant Morrison (que trabalhou na clássica história de Batman "Asilo Arkham"), George Pérez (da "Crise" de 1985) e Greg Rucka, ex-editor da DC e roteirista de histórias do Super-Homem e Mulher Maravilha, entre outros.
""Nosso público está muito mais inteligente e sofisticado, e não necessariamente porque está mais velho", explicou Rucka, em entrevista ao "New York Times". ""Um jovem que tem 12 anos hoje lê num nível completamente distinto de um jovem que tinha essa idade há 20 anos."
Sua opinião está alinhada com a de seus chefes, como prova o depoimento de Dan DiDio, vice-presidente editorial da DC, ao mesmo "Times": ""Nossos personagens foram criados entre as décadas de 1940 e 1960. Há muitos elementos que ficaram sem ligação com a realidade dos leitores de hoje", explicou DiDio. Os atuais leitores, segundo o executivo, "têm mais conhecimento e querem mais complexidade".
DiDio também tem noção do tamanho da aposta que a DC está fazendo nessa reformulação. "Isso não é apenas um risco editorial, é um risco empresarial."


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