São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2010

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FOCO

Excursões de escolas enchem pavilhão da Bienal de SP nos dias de semana

JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nos fins de semana eles não estão lá, mas durante os dias úteis os corredores da Bienal de São Paulo são tomados por grandes grupos de pequenos uniformizados.
Até o fim da mostra no Ibirapuera, em 12 de dezembro, a fundação espera receber 400 mil pessoas (40% do total estimado) só por meio de seu projeto educativo, a maioria delas vinda de escolas públicas.
Segundo a curadora do projeto, a artista plástica e educadora Stela Barbieri, já foram feitos até agora 203 mil agendamentos.
Embora o forte desta edição sejam os vídeos, chamam mais a atenção das crianças e adolescentes as esculturas e instalações.
Se na última Bienal era o escorregador de Carsten Höller que fazia a diversão em meio ao vazio, na edição da retomada os animais de bronze de Ai Weiwei e os pêndulos enigmáticos de Tatiana Trouvé estão entre os mais citados.
Na semana passada, uma turma de 8ª série da escola estadual Suzana Dias, de Cajamar (Grande SP), se confrontava com a série de desenhos em carvão "Inimigos", em que o artista Gil Vicente aparece degolando o presidente Lula e atirando contra outras autoridades.
"É diferente das matérias que vocês aprendem na escola. Na arte tudo é certo", dizia Tiely Cáceres, 22, uma dos 300 jovens selecionados pela Bienal para guiar as turmas de escola pela exposição.
Na visita guiada da moça, de uma hora e meia, obras controversas ou não recomendada para menores de 18 anos, por conter cenas de violência e sexo -como as fotografias de "The Ballad of Sexual Dependency", de Nan Goldin, ou a série "Suíte Safada", do mesmo Gil Vicente-, saem do percurso.
"Estou aqui mais por amor do que por dinheiro", afirmou a estudante de arquitetura, que ganha R$ 1.010 por mês por quatro horas diárias de trabalho na Bienal, incluindo os sábados.
"É muito gratificante. A gente consegue mudar alguma coisinha nas crianças", dizia, embora houvesse, entre seus guiados, alguns dispersos que se queixavam de dores nas pernas.


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